Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O governo prevê iniciar em abril testes para a implementação de preços horários no mercado spot de eletricidade, em substituição a um cálculo hoje semanal do chamado Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), disseram técnicos do setor nesta quarta-feira.
O Ministério de Minas e Energia pretende aplicar os preços spot horários a partir de janeiro de 2019, mas a ideia é que a partir do dia 2 do próximo mês comece a ser divulgado um cálculo preliminar, apenas para conhecimento e análise pelos agentes do mercado.
"Estamos trabalhando com esse prazo do dia 2 e tudo indica que vamos conseguir cumprir", disse o gerente de Preço da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Rodrigo Sacchi, durante evento do setor promovido pela Thomson Reuters em São Paulo.
A CCEE é a responsável pelo cálculo semanal do PLD, que é utilizado para valorar transações no mercado de curto prazo, ou spot, no qual empresas do setor quitam diferenças entre os valores registrados em contratos e a geração ou consumo efetivos de cada agente.
O PLD também influencia a precificação de contratos no mercado livre de eletricidade, onde grandes consumidores, como indústrias, podem negociar contratos de fornecimento diretamente junto a geradores e comercializadores, ao invés de serem atendidos por distribuidoras.
Uma consulta pública sobre a adoção do preço horário foi aberta em dezembro pelo Ministério de Minas e Energia, que disse na época que a medida visa "melhorar a sinalização econômica do valor da energia elétrica ao longo do tempo".
O governo também defendeu que a medida, uma vez implantada, deverá "viabilizar novos produtos, negócios e serviços" no setor de energia, com a diferença de preços entre horários ajudando a viabilizar financeiramente negócios como sistemas de armazenamento (baterias).
"Esse fato permite a valorização econômica dos benefícios ao sistema de fontes que aportem recurso nas horas que o sistema mais necessita", afirmou a pasta.
As autoridades defendem ainda que a mudança é necessária em função da rápida expansão no país de fontes de geração de energia variáveis, como parques eólicos e usinas solares.