Por Andrew Cawthorne
MARACAY, Venezuela (Reuters) - Atirando os braços para o ar ao som de uma banda de salsa, o candidato presidencial opositor venezuelano Henri Falcón entra em um emaranhado de estandes de venda.
"Vocês querem continuar com Maduro?", pergunta ele aos vendedores, que gritam "não!" à perspectiva de mais seis anos sob a tutela do presidente socialista Nicolás Maduro.
"Temos um presidente inepto... se votarmos, venceremos!", insiste Falcón, de 56 anos, uma e outra vez, percorrendo os corredores do mercado da empobrecida cidade de Maracay antes de saltar de volta ao seu ônibus de campanha.
Faltando pouco mais de um mês para a eleição presidencial de 20 de maio, o principal concorrente de Maduro está tentando desesperadamente criar um frenesi nas ruas.
Mas tendo em conta o formidável aparato estatal contrário a ele, um boicote de ex-aliados da oposição e suspeitas generalizadas de que o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) pode fraudar a votação, o comparecimento aos comícios de Falcón tem sido pequeno, e ele enfrenta uma tarefa intimidante na tentativa de destronar o atual líder.
É difícil imaginar que uma eleição presidencial está se aproximando no país sul-americano de 30 milhões de habitantes. Não se vê nada do fervor emotivo ou das vastas multidões da campanha de 2012, quando Hugo Chávez venceu padecendo de um câncer, ou da corrida de 2013, quando o opositor Henrique Capriles quase derrotou Maduro.
Ao invés disso, venezuelanos desanimados estão preocupados em encontrar alimento e remédios em uma nação assolada pela escassez, pela hiperinflação e pelo êxodo em massa de sua juventude.
Algumas pesquisas mostram o ex-soldado e governador estadual Falcón na liderança graças ao desgosto com Maduro por causa da economia.
Mas muitos venezuelanos acreditam que um governo autocrático não está preparado para abandonar o poder, especialmente devido à falta de reformas no conselho eleitoral pró-Maduro. E as pesquisas também apontam para uma abstenção grande, que prejudicaria Falcón.
"Essas eleições são uma farsa. Elas são determinadas com antecedência. Mesmo assim, vou votar naquele cara - qualquer um que seja contra Maduro!", disse o açougueiro Antonio Freites, de 49 anos, observando Falcón passar pelo mercado de Maracay.