Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) deve estudar a possibilidade de utilizar operações de hedge para evitar um excesso de volatilidade nos reajustes do diesel, após o encerramento de uma política de subsídios ao combustível no Brasil que deve vigorar até o final do ano, disse a jornalistas nesta segunda-feira o presidente da petroleira, Ivan Monteiro.
A fala vem após a estatal ter anunciado na semana passada a aprovação pela diretoria da opção de adotar um mecanismo de hedge para a gasolina.
Com a iniciativa, toda vez que a empresa antever uma volatilidade no mercado, poderá congelar por até 15 dias o preço do combustível na refinaria e comprar futuros de gasolina nos EUA com base nos volumes diários comercializados para não incorrer em perdas financeiras.
"A gente vai olhar principalmente o que está acontecendo em relação a essa experiência na gasolina e eventualmente poderia aplicar no diesel também... agora ainda é muito preliminar... é algo que a gente pode vir a fazer também para o diesel, mas até o momento sem nenhum tipo de decisão interna na companhia", disse Monteiro, durante coletiva de imprensa em São Paulo.
O programa de subsídio ao diesel foi lançado após uma histórica greve de caminhoneiros em maio, contra os altos preços do combustível. A paralisação causou sérios danos à economia brasileira e também teve como consequência a renúncia de Pedro Parente da presidência da Petrobras.
Durante toda a sua gestão, Parente sempre defendeu a independência de a Petrobras estabelecer preços, sem interferências governamentais, e que os ajustes deveriam ocorrer quase que diariamente, para que a empresa pudesse garantir rentabilidade e evitar perdas de mercado.
Monteiro negou que o programa tenha sido discutido com economistas de candidatos à Presidência com os quais representantes da empresa têm se encontrado para apresentar resultados e planos da petroleira estatal.
Até o momento, não há informação de que a Petrobras já tenha sido autorizada pela reguladora ANP a receber os subsídios que podem ter somado até 30 centavos de real por litro.
A conversa com os jornalistas nesta segunda-feira ocorreu após a diretoria da companhia ter realizado um encontro com analistas de mercado em São Paulo para apresentar resultados da empresa.
Na ocasião, os executivos previram que a dívida líquida da estatal deverá alcançar 69 bilhões de dólares no fim deste ano, ante 85 bilhões de dólares em 2017, à medida que o programa de gestão de endividamento dá resultados.
OTIMISMO COM FUTURO
Monteiro admitiu aos jornalistas que os preços do petróleo Brent acima dos 70 dólares auxiliaram na trajetória de redução da dívida da companhia, uma vez que as estimativas do plano de negócios da empresa previam os valores em cerca de 53 dólares neste ano.
O executivo ainda se mostrou otimista com o comportamento futuro dos preços.
"De um modo geral, a gente vê muita consistência, todos relatórios de todos previsores apontam que isso deve continuar para o ano de 2019 e eventualmente até para o próprio ano de 2020", disse Monteiro, aos jornalistas.
A respeito do bilionário plano de desinvestimentos, Monteiro reiterou que ainda não há decisão sobre a possibilidade de venda da participação da Petrobras na Braskem (SA:BRKM5). Do ponto de vista estratégico, a empresa vem estudando internamente qual deveria ser a presença da Petrobras na petroquímica.
A Petrobras quer estar preparada para uma possível decisão do grupo LyondellBasell de comprar a participação da Odebrecht na Braskem. As negociações vem ocorrendo há meses.
"A partir do momento em que a gente for notificado (do fim das negociações) tem um prazo de até 60 dias para fazer análise interna; evidentemente, a gente não está aguardando ser notificado", afirmou.
"Essa discussão ia ser colocada em prática ou ia ser externada um pouco mais adiante, na revisão do planejamento para 2019-2023, e a gente antecipou justamente porque a gente acha que pode haver um evento importante, que é o que fazer, qual vai ser a decisão da Petrobras em relação aos termos do acordo da LyondellBasell com a Odebrecht", afirmou.
(Por Luciano Costa)