Teresa Bouza.
Washington, 9 out (EFE).- A assembleia anual do Fundo Monetário
Internacional (FMI) e do Banco Mundial foi encerrada hoje em
Washington com muitas promessas e falta de consenso, além da chamada
à cooperação para solucionar problemas como a guerra cambial.
O próprio diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn,
declarou, em resposta à pergunta de um jornalista sobre o tímido tom
do comunicado final, que as palavras são levadas pelo vento e o que
é preciso partir para a ação.
"Podemos falar, falar e falar", disse o responsável do órgão,
quem destacou que para solucionar os desequilíbrios existentes na
economia global é necessário agir e buscar a cooperação.
O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, deixou claro
durante a reunião que em um mundo dividido em países emergentes
fortes e desenvolvidos fracos o que impera é a máxima do "salve-se
quem puder".
Não é de se estranhar que com esse espírito fiquem pendentes
soluções para os temas mais polêmicos, como a reforma no próprio
seio do FMI para dar mais voz aos países emergentes.
Strauss-Kahn ressaltou hoje que a responsabilidade fica agora com
o Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais
emergentes), cujos líderes se reunirão em meados do mês que vem em
Seul (Coreia do Sul).
O comunicado final do encontro de hoje destaca, entre as
tendências mais preocupantes, as tensões e a vulnerabilidade na
economia global originada por fluxos de capital voláteis, as
oscilações nos mercados cambiais e o crescente volume de reservas em
alguns países.
Com essa conjuntura, os 187 países membros do FMI apoiaram hoje
uma "ação urgente" para aumentar o papel de supervisão do órgão
sobre as políticas macroeconômicas que possam representar uma ameaça
à estabilidade.
"É necessário atuar de forma urgente para reforçar o papel da
instituição e sua eficácia como um organismo global de supervisão
macro-financeira e colaboração", destaca o comunicado.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, pediu hoje
que o FMI reforce a vigilância dos mercados de divisas.
"Uma das missões centrais do FMI é a de realizar uma vigilância
rigorosa do sistema monetário internacional", disse Geithner, quem
acrescentou que o organismo "deve reforçar sua supervisão das
políticas cambiais e das práticas de acumulação de reservas".
Como parte desse processo de maior supervisão, Strauss-Kahn
declarou hoje que participará das consultas regulares da instituição
com os grandes atores da economia global, incluindo Estados Unidos,
a zona do euro, Japão e China.
O titular do FMI se referiu também à reforma interna do órgão
para dar mais voz aos países emergentes.
Apesar da falta de consenso em relação ao tema, Strauss-Kahn
disse hoje que o acordo está próximo e poderia acontecer nos
próximos dias ou nas próximas semanas, mas ressaltou que as
conversas são "difíceis" e ainda existem pontos de vista
"divergentes".
O titular do órgão descartou que vá vincular o aumento de
participação à situação das divisas, mas ressaltou que a concessão
de mais voz e peso dentro do FMI presume maiores responsabilidades.
"Quanto mais central for seu papel, mais você necessita assumir
obrigações na estabilização do sistema em seu conjunto", afirmou
Strauss-Kahn em declarações que alguns observadores interpretaram
como uma mensagem à China, que é acusada por seus parceiros
comerciais de manter o valor de sua moeda artificialmente baixo. EFE