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Banco da Inglaterra fez empréstimos milionários secretos a 2 entidades

Publicado 24.11.2009, 16:07

Londres, 24 nov (EFE).- O Banco da Inglaterra (autoridade monetária) revelou hoje que, no segundo semestre de 2008, emprestou secretamente 61,6 bilhões de libras (US$ 102 bilhões) ao Royal Bank of Scotland (RBS) e ao HBOS para evitar que "a perda de confiança se estendesse a todo o sistema financeiro".

Assim afirmou o presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, em uma comissão parlamentar, diante da qual deu novos detalhes sobre a intervenção estatal de um ano atrás para evitar o colapso dos bancos, após a crise gerada pelas hipotecas de alto risco.

King disse que o dinheiro entregue entre outubro e novembro foi devolvido integralmente em janeiro deste ano e que o banco agiu em sua condição de responsável por empréstimos em última instância.

Estes empréstimos conhecidos agora se juntam ao plano de resgate de 37 bilhões de libras (US$ 61,28 bilhões) aprovado pelo Governo em outubro do ano passado para ajudar vários grandes bancos do país.

Os responsáveis pela política monetária britânica argumentaram que divulgar estes empréstimos teria causado maior instabilidade no sistema, no apogeu da crise.

O Banco da Inglaterra analisou minuciosamente se informar sobre os empréstimos era uma questão de interesse público e decidiu que só seriam revelados à opinião pública "depois que o banco considerasse que a necessidade de mantê-lo em segredo tinha terminado".

O presidente da Comissão do Tesouro da Câmara dos Comuns, John McFall, disse que, após saber a quantia emprestada a estas duas entidades financeiras há um ano, parou para pensar "em quantas universidades, quantas faculdades e quantos postos de trabalho poderiam ter sido apoiadas com isso".

Desde que receberam estas quantias multimilionárias, o Royal Bank of Scotland se juntou ao plano de proteção de ativos do Governo para terminar de sanear suas contas, e o Lloyds Banking Group, que comprou o HBOS, anunciou planos de ampliação de capital através de seus acionistas.

É previsível que os acionistas do Lloyds Banking Group expressem seu mal-estar com esta medida, já que, enquanto estes empréstimos eram travados em segredo, a direção do banco lhes pedia o sacrifício de passar a controlar o endividado HBOS.

Um porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse que a concessão destes empréstimos "lembra de uma maneira contundente" o quão perto se esteve nos últimos meses de 2008 de que todo o sistema bancário desabasse.

King também falou, em seu comparecimento no Parlamento, do risco que o mau estado das contas econômicas e financeiras pudesse custar ao Reino Unido uma redução na classificação de risco creditício pelas agências de qualificação. EFE

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