Andrés Mourenza.
Atenas, 20 jan (EFE).- Os bancos e o Governo da Grécia se reunirão de novo neste sábado para tentar concluir um acordo sobre o perdão da metade da dívida grega após um dia de extensas reuniões que terminaram sem acordo.
"Os elementos deste perdão voluntário sem precedentes estão chegando a seu lugar. Agora é o momento de atuar de forma decisiva e aproveitar a oportunidade de concluir este acordo histórico e contribuir para estabilidade econômica da Grécia, da zona do euro e da economia mundial", disse o diretor do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Charles Dallara.
O Ministério das Finanças confirmou à Agência Efe a reunião de amanhã, mas nenhum funcionário quis fazer mais declarações sobre o estado no qual se encontra o processo de negociação.
No entanto, o porta-voz do Governo, Pantelis Kapsis, afirmou nesta sexta-feira durante uma entrevista à "Radio 9" que espera chegar a um princípio de acordo "muito em breve".
Desde quarta-feira, Dallara, e seu assessor especial Jean Lemierre, que representam os bancos e fundos de investimento que possuem a maior parcela de títulos de dívida grega em mãos de instituições privadas, negociam em Atenas com o Governo grego.
As reuniões se intensificaram hoje com vários encontros com o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, prolongadas até o início madrugada desta sexta.
Ao mesmo tempo, os líderes gregos mantinham contatos com a chamada troika - formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) -, que também se encontra em Atenas, e, através de uma teleconferência, com as autoridades do Eurogrupo.
Esta reestruturação da dívida é indispensável para que a Grécia receba um novo empréstimo da União Europeia (UE) e do FMI no valor de 130 bilhões de euros, necessário para que o país mediterrâneo não entre em moratória no próximo dia 20 de março, quando enfrenta um desembolso único de 14,4 bilhões de euros em vencimentos de bônus.
O plano, conhecido como Participação do Setor Privado, supõe o perdão de 100 bilhões dos 206 bilhões de euros em bônus gregos que possui o setor privado, dos cerca de 350 bilhões aos quais ascende o total da dívida helena.
A reestruturação seria realizada mediante uma complexa troca dos bônus por outros novos, desvalorizados em até 35% de seu valor atual, por isso que parte do dinheiro do novo empréstimo deveria dedicar-se a recapitalizar os bancos por conta das perdas que se veriam obrigados a assumir.
As perdas para os credores são calculadas entre 60% e 70% do valor líquido atual de suas posses em dívida, e por isso resta saber se todos eles aceitarão o plano, que a princípio é voluntário.
Embora a maioria dos credores esteja de acordo em princípio com o plano, há certos detalhes nos quais as partes discordam.
Um deles é a taxa de juros e o vencimento dos novos bônus, um tema no qual se produziram avanços nos últimos dias, segundo diversos meios de comunicação locais.
A última proposta neste sentido seria a de bônus a 30 anos com um juro progressivo que começaria em 3,5% para o período de 2012-2014, aumentaria para 4% entre 2015 e 2020 e seria de 4,6% a partir de 2021, quando a economia da Grécia poderia já estar recuperada.
Outro tema espinhoso é a lei à qual estarão sujeitos os novos títulos, um assunto no qual o Governo grego teria cedido às exigências dos bancos, em troca que estes reduzissem sua pretensão sobre os juros.
Por essa razão, segundo informação citada pela revista "Athens News", os novos bônus estariam sujeitos à lei britânica, mais propícia aos credores.
Fontes do Governo grego asseguram que, caso haja uma maioria suficiente favorável ao plano, o Executivo poderia obrigar por lei a que o resto dos credores se submetessem à reestruturação. EFE