Arantxa Íñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 21 dez (EFE).- O Banco Central Europeu (BCE) emprestou a 523 bancos o recorde de 489,191 bilhões de euros, muito mais do que o previsto, em seu primeiro leilão a três anos, uma medida extraordinária para facilitar o crédito às famílias e empresas.
A entidade monetária europeia informou nesta quarta-feira que os bancos deverão devolver a quantia, a mais alta que emprestou até agora em uma operação única, em 29 de janeiro de 2015.
No entanto, os bancos também têm a possibilidade de fazê-lo um ano depois, parcial ou totalmente, em vez de esperar os 36 meses.
A demanda por liquidez superou em muito as previsões dos analistas na primeira das duas operações de injeção de liquidez a três anos que o BCE vai efetuar, situada pelos analistas em entre 160 bilhões e 300 bilhões de euros. A próxima destas operações será realizada no final de fevereiro de 2012.
Até agora o BCE havia concedido empréstimos a um prazo máximo de um ano, em 2009. No final de junho daquele ano, o BCE emprestou a 1.121 bancos 442,24 bilhões de euros a uma taxa fixa de 1%, com o fim de facilitar a concessão de crédito a longo prazo.
Agora, a instituição financeira facilitou novamente a liquidez a longo prazo aos bancos com condições muito favoráveis em um momento de tensões nos mercados financeiros e restrições ao crédito, já que os bancos não emprestam recursos entre eles devido à crise de endividamento soberano da zona do euro.
O BCE demonstrou desta forma que efetua empréstimos em último caso aos bancos, caso sejam solventes, mas não para os Estados com dificuldades de financiamento.
No entanto, alguns especialistas consideram que com esta garantia de liquidez barata a três anos o BCE vai facilitar o financiamento de países por via bancária.
Os juros pagos pelos bancos serão indexadas à média à qual for situada a taxa de juros reitora do BCE durante o período de vigência da operação.
Atualmente as taxas de juros estão fixadas na zona do euro em 1%, mas ao longo dos três próximos anos podem ocorrer mudanças.
É possível que alguns bancos tenham tomado dinheiro emprestado do BCE a condições muito boas para comprar dívida soberana de países periféricos, o que oferece uma rentabilidade muito mais elevada, segundo alguns analistas.
O presidente do BCE, Mario Draghi, lembrou na segunda-feira no Parlamento europeu que no primeiro trimestre do ano vencem bônus bancários no valor de 230 bilhões de euros e entre 250 bilhões e 300 bilhões de títulos de dívida soberana. EFE