La Paz, 18 nov (EFE).- A Bolívia pedirá na cúpula da ONU em
Copenhague, em dezembro, que os países industrializados paguem a
"dívida climática" que contraíram com as nações em desenvolvimento
porque estas, segundo o Governo de Evo Morales, "não tiveram culpa
pelo problema".
Jaime Villanueva, coordenador do Programa Nacional de Mudanças
Climáticas, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Águas daquele
país, explicou hoje que a proposta boliviana que será apresentada na
próxima cúpula sobre Mudança Climática com o título de "Salvemos o
planeta do capitalismo" e inclui quatro temas.
O objetivo é obter dos países desenvolvidos, "que provocaram este
problema", um "ressarcimento e compensação" pelos danos causados.
Disse ainda que a "dívida climática" cobrada pela Bolívia também
quer o cumprimento dos compromissos vinculativos de redução de
emissão de gases do efeito estufa assumidos há quase duas décadas
pelos países desenvolvidos.
Lembrou que um estudo do Painel Intergovernamental de Mudança
Climática (IPCC) refletiu que, em 2007, as emissões aumentaram 11,2%
em vez de diminuir 5,2%, como havia sido fixado em 1990.
"Ou seja, que os países não cumpriram com seus compromissos e
seguem fazendo uma ameaça a este problema mundial que compromete
nossa própria existência", disse.
A proposta boliviana ratifica a exigência que as Nações Unidas
reconheçam os direitos da "Madre Tierra", "que está ferida pelo uso
excessivo dos recursos naturais e os combustíveis fósseis", explicou
o funcionário.
Acrescentou que a bandeira boliviana diante da convenção será a
participação dos povos indígenas nas decisões e na formulação de
políticas para diminuir o problema.
Um quarto ponto se refere à necessidade de transferência de
tecnologia e recursos financeiros aos países em desenvolvimento que
apóiem as medidas de adaptação e como forma de minimizar os efeitos
da mudança climática.
"Ainda existe uma esperança, uma solução para o problema. Desde
que os países desenvolvidos tomem a liderança e façam compromissos
vinculativos que possam solucionar o problema", concluiu.
Villanueva expôs a proposta na apresentação do relatório Estado
da População Mundial 2009, elaborado pelo Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês), que destaca a situação
das mulheres e dos povos vulneráveis por causa da mudança climática.
Lembrou que na Bolívia há seis regiões com problemas de seca e
houve perda de 35% das geleiras do país como consequências negativas
para a segurança alimentar.
O representante na Bolívia do UNFPA, o espanhol Jaime Nadal-Roig,
ressaltou que as mudanças introduzidas no país para aplicar um
desenvolvimento amigável com o meio ambiente "mais do que
apropriadas, são necessárias".
Segundo ele, o relatório destacou a importância da mulher como
agente de mudança na atual conjuntura.
"A mulher produz entre 60% e 80% dos alimentos nos países em
desenvolvimento e cumpre as tarefas do lar. A mudança climática está
dificultando o cumprimento adequado dessas funções. O maior peso, de
certa forma, recai sobre elas", apontou.
Por isso, uma das principais propostas do relatório é que
qualquer solução em temas de adaptação à mudança climática envolva
as mulheres. EFE