Londres, 9 fev (EFE).- A mineradora Vale está disposta a começar
as operações na África, mais um sinal do crescente interesse do
Brasil nesse continente, informou hoje o "Financial Times".
Impulsionada pela demanda brasileira de matéria-prima, o comércio
com a África cresce a um ritmo acelerado: as exportações do Brasil
passaram de US$ 3 bilhões em 2000 para US$ 18,5 bilhões em 2008.
Nigéria e Argélia, além de Angola, fornecem o petróleo necessário
e os produtores agrícolas brasileiros entraram em mercados como o
Egito, o que permitiu aumentar as exportações brasileiras à África
de US$ 1 bilhão em 2000 para US$ 8 bilhões em 2008.
Em Moçambique, a Vale colabora com a construtora Odebrecht no
desenvolvimento das reservas carboníferas de Moatize, na construção
de uma central energética e de infraestruturas ferroviárias e
portuárias para a exportação do mineral.
A Vale estima investimentos iniciais serão de US$ 1,3 bilhão,
embora os analistas acreditem que os valores possam ser maiores.
As companhias Vale e Odebrecht não são as únicas operando em
Moçambique, detalhou o jornal britânico. Há dois meses a siderúrgica
CSN comprou 16,3% da mineradora australiana Riversdale, na qual a
indiana Tata Steel tem uma importante participação.
Riversdale projeta um grande aporte na região de Tete, no centro
de Moçambique.
A Odebrecht é atualmente a maior empresa privada de Angola,
atuando na produção de alimentos, etanol, industrial e varejo.
A estatal brasileira de petróleo, a Petrobras, também opera em
Angola. Utiliza no país a sua experiência de prospecção de petróleo
em águas profundas.
Segundo o "Financial Times", os laços de idioma e cultura
facilitaram as operações das empresas brasileiras nos países que
língua portuguesa no continente africano.
Cerca de 1,4 milhão dos 3 milhões de escravos africanos enviados
ao Brasil entre os anos de 1700 e 1850 partiram de Angola e na
segunda década do século 19 inúmeros colonos da Angola, Moçambique e
outras colônias portuguesas decidiram estabelecer-se no Brasil após
a independência.
As últimas conquistas do Brasil na luta contra a pobreza atraíram
o interesse dos Governos moçambicano e angolano, que veem no Brasil
"um modelo".
O "Financial Times" assinala a expansão das embaixadas do Brasil
no continente africano e lembra que dezenas de dirigentes
empresariais acompanharam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em
suas viagens à África. EFE