Rio de Janeiro, 13 set (EFE).- A Marinha do Brasil planeja a
construção de 11 grandes navios para patrulhar de forma "constante"
as jazidas petrolíferas no oceano Atlântico, disse hoje o almirante
Júlio Soares de Moura Neto, comandante do corpo.
Os planos da Marinha contemplam a construção em estaleiros
brasileiros de cinco fragatas de 6 mil toneladas, cinco navios de
patrulha oceânica e um navio de apoio logístico, de 20 mil
toneladas, detalhou Moura Neto em entrevista coletiva realizada por
ocasião da 24ª Conferência Naval Interamericana.
"Queremos patrulhar permanentemente nas proximidades dos campos
petrolíferos (...) Isso se chama fator de dissuasão", manifestou o
comandante da Marinha.
Os militares apresentarão até o fim deste ano seus planos ao
Governo e no próximo ano pretendem "ajustar os detalhes" com o
Executivo que vencer as eleições de outubro, que tomará posse em
janeiro.
Pelos planos da Marinha, a construção dos navios patrulha
começará em 2012 e, sucessivamente, serão fabricados navios de apoio
logístico e fragatas, as últimas a serem fabricadas, devido ao fato
de serem extremamente sofisticadas.
Os 11 navios se somarão ao pacote de seis fragatas pequenas, de
500 toneladas, uma das quais já foi entregue e o restante está em
construção, que fazem parte do plano de renovação das Forças
Armadas.
No marco desta estratégia, já começou a construção de quatro
submarinos convencionais e se está preparando um estaleiro para a
fabricação de um submarino de propulsão nuclear, que será
desenvolvido em associação com a França e que previsivelmente estará
operacional em 2022, segundo Moura Neto.
O comandante da Marinha explicou que além da defesa da riqueza
petrolífera do país, o aumento da frota vai servir para patrulhar o
restante das águas de jurisdição brasileira, cuja ampliação está
sendo discutida com as Nações Unidas.
Atualmente, Brasil conta com uma área exclusiva marítima de 3,6
milhões de quilômetros quadrados, que o Governo quer ampliar para
4,5 milhões de quilômetros quadrados.
"A ONU aceitou já 750 mil quilômetros quadrados e discorda dos
critérios técnicos que usamos nos 200 mil restantes. Estamos
revisando os cálculos e realizando novas medições para reforçar a
proposta", detalhou o militar.
Moura disse que na América Latina existe um "clima de paz
relativa", mas considerou que isto não se contrapõe a que o Brasil
"se prepare para ter capacidade de dissuasão".
Além disso, assegurou que a intenção do Brasil é "criar um clima
de confiança" entre as marinhas do continente para que melhore a
cooperação e a troca de informações entre os comandantes militares
dos diferentes países.
Segundo o almirante, o objetivo da Conferência Naval
Interamericana, que desde hoje e até na próxima sexta-feira
congregará a altos comandantes das marinhas de 17 países da América.
Estão representados na reunião Argentina, Bolívia, Brasil,
Canadá, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Estados Unidos,
Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República
Dominicana e Venezuela. EFE