Madri, 19 out (EFE).- O analista Andrés Oppenheimer considera que
existe uma boa oportunidade de que o Brasil, como fez a China na
Ásia, "arraste o resto da América Latina" rumo a um maior
pragmatismo, uma maior desideologização e uma maior consciência de
que não há progresso sem estabilidade.
"O progresso do Brasil vai arrastar o resto da América Latina,
porque cada vez mais presidentes e mais povos vão dizer a si mesmos
que, se o Brasil está progredindo sem mudar tudo a cada Governo,
devem estar fazendo certo", disse hoje Oppenheimer à Agência Efe em
Madri, onde apresentará seu livro "Los estados desunidos de las
Américas".
Para o analista, editor para a América Latina e colunista do
jornal "The Miami Herald", dois dos maiores desafios da região são
romper sua "obsessão com o passado" e sua "cegueira periférica", que
a faz viver, segundo ele, olhando para próprio umbigo em vez de
enxergar o que o resto do mundo faz.
"Comparando a Ásia com a América Latina, sempre digo que enquanto
os asiáticos são guiados pelo pragmatismo e são obsessivos com o
futuro, os latino-americanos são guiados pela ideologia e são
obsessivos com o passado", afirmou.
Algo que, para Oppenheimer, convida ao otimismo é que, "pela
primeira vez em muito tempo", se vê na América Latina "mudanças
políticas com estabilidade econômica",
O analista citou os casos de Chile, Brasil, Uruguai e Peru, sendo
que destacou deste último país sua evolução nos últimos anos e suas
possibilidades de futuro.
"Se o Peru sobreviver a uma eleição a mais sem cair no populismo,
vai se transformar em um país sério, estável. Vai ser o novo Chile
latino-americano", opinou.
Co-vencedor do Prêmio Pulitzer de 1987 com a equipe do "The Miami
Herald" que descobriu o escândalo Irã-Contras, Oppenheimer disse
também que a chegada de Barack Obama à Casa Branca não representou
até agora "uma nova política dos Estados Unidos para a América
Latina".
Para o analista, isto se deve ao fato de que Obama não tem uma
equipe para a América Latina, porque os republicanos estão a
bloqueando no Congresso americano, mas também porque não foi uma
prioridade para ele.
Segundo Oppenheimer, o "grande teste" de Obama ocorrerá no ano
que vem, para quando o presidente americano anunciou que apresentará
sua reforma migratória.
"Eu acho que o Governo de Obama é promissor para a América
Latina, mas, até o momento, não deixa de ser uma promessa",
ressaltou. EFE