Rio de Janeiro, 6 jan (EFE).- O Brasil registrou no ano passado
um saldo positivo no fluxo de dólares com o exterior após a fuga de
divisas sofrida pelo país em 2008 por causa da crise econômica
global, informou hoje o Banco Central (BC).
A entrada de divisas ao Brasil em 2009 superou as retiradas em
US$ 28,732 bilhões, um contraste com o resultado de 2008 quando os
envios superaram as entradas em US$ 983 milhões, segundo os dados do
BC.
Apesar da recuperação, o resultado ainda está longe dos anos
anteriores à crise, pois o saldo positivo no fluxo cambial em 2007
tinha sido de US$ 87,454 bilhões, o maior valor na história do país.
No ano passado, a entrada de dólares no país foi favorecida pelo
setor financeiro, que inclui os investimentos estrangeiros em
títulos, em ações em bolsa e em projetos produtivos, e que registrou
um balanço favorável de US$ 18,808 bilhões (resultado de US$ 336,257
bilhões em entradas e de US$ 317,450 bilhões em saídas).
Pelo segmento comercial, que inclui as exportações e importações
de bens e serviços, os ingressos (US$ 144,666 bilhões) superaram as
retiradas (134,742 bilhões) em US$ 9,924 bilhões.
Em 2008, pelo contrário, o segmento financeiro ficou com um saldo
negativo de US$ 48,883 bilhões, enquanto o comercial foi positivo em
US$ 47,9 bilhões.
Apesar da fuga de divisas provocada pela crise ter prosseguido
nos três primeiros meses de 2009, nos nove seguintes foi positivo.
Em dezembro, as entradas de dólares ao Brasil superaram as
retiradas em US$ 1,986 bilhão, um contraste com o saldo negativo de
US$ 6,373 bilhões em igual mês de 2008.
A entrada de dólares no ano passado foi facilitada pela forte
queda das taxas de juros em outros países e a rápida recuperação da
economia brasileira após a crise, e ajudou a desvalorizar o dólar em
comparação com real em quase 25% em 2009.
O forte fluxo de divisas e a apreciação do real obrigaram o
Governo a anunciar, em novembro, medidas para controlar o ingresso
de capital, como o aumento dos impostos sobre os investimentos
estrangeiros na bolsa de valores. EFE