Bruxelas, 16 set (EFE).- O presidente do Parlamento Europeu,
Jerzy Buzek, apoiou hoje a resposta da Comissão Europeia (CE) diante
da expulsão de ciganos na França, mas chamou às partes a reduzirem a
"tensão" e evitar uma "retórica inflamatória".
Buzek participou nesta quinta-feira da sessão inicial da reunião
de chefes de Estado e de Governo da União Europeia realizado em
Bruxelas, marcada em boa parte pela polêmica suscitada entre o
Executivo comunitário e Paris.
"A Comissão é a guardiã da legislação e dos tratados. Iniciou um
procedimento (contra a França) e essa é a melhor solução", opinou o
presidente da Eurocâmara, instituição que na semana passada aprovou
uma resolução impulsionada pela centro-esquerda exigindo das
autoridades francesas a suspensão imediata das expulsões.
Buzek - membro do Partido Popular Europeu (PPE), ao qual também
pertence o presidente francês, Nicolas Sarkozy - evitou hoje repetir
esse chamado, mas ressaltou que Bruxelas está em seu direito de
intervir para garantir o respeito às normas comunitárias sobre livre
circulação e contra a discriminação.
O ex-primeiro-ministro polonês insistiu na necessidade de abordar
a situação dos ciganos e de outras minorias como um problema comum
para toda a União Europeia.
"Este não é só um problema dos ciganos e não é um problema único
da França ou de outros países. É um problema muito sério e profundo
para o conjunto da UE e devemos enfrentá-lo dessa forma", assinalou
em entrevista coletiva.
Neste sentido, defendeu que o caso dos ciganos romenos e búlgaros
e de outras minorias de nacionalidade europeia deveria "conectar-se"
com o de grupos procedentes de países extracomunitários.
"Os cidadãos não distinguem entre ciganos, poloneses vivendo em
minoria na Irlanda, turcos vivendo na Alemanha ou alguém da Argélia
que está na França", explicou.
Lembrou que em tempos de crise econômica como os atuais ocorre de
este tipo de tensões acabe ganhando destaque.
Questionado sobre o cruzamento de declarações entre a comissária
europeia de Justiça, Viviane Reding, e o Governo francês, Buzek
ressaltou a necessidade de "trabalhar para reduzir as tensões" e
evitar episódios de "retórica inflamada".
Apesar das acusações entre Paris e Bruxelas, o presidente do PE
garantiu que a "boa atmosfera" do encontro desta quinta-feira não
está ameaçada. EFE