Estoril (Lisboa), 1º dez (EFE).- A chanceler do Governo derrubado
de Honduras, Patricia Rodas, denunciou hoje que uma "minoria de
países" impediu que a 19ª Cúpula Ibero-Americana chegasse a um
consenso sobre uma declaração a respeito da crise no país
centro-americano, provocada pelo golpe de Estado de 28 de junho.
Embora a cúpula tenha tentado promover uma declaração conjunta
sobre Honduras, os esforços não prosperaram. As divergências entre
os países que não reconheceram a eleição do último domingo e os que
apoiaram os resultados do processo eleitoral foram o principal
impedimento para um acordo.
No entanto, os participantes do encontro apoiaram a declaração
sobre Honduras redigida pela Presidência de Portugal, anfitrião da
cúpula. O texto, apesar de condenar o golpe de Estado e apoiar a
restituição de Zelaya, não faz nenhuma avaliação sobre o pleito do
dia 29 de novembro.
Em entrevista coletiva, Rodas disse que esses países, aos quais
não se referiu especificamente, "decidiram iniciar um processo de
reconhecimento das eleições em uma aliança com Washington, de quem
têm uma profunda dependência".
Panamá e Colômbia já reconheceram o processo eleitoral e os
resultados da votação. Já o presidente da Costa Rica, Oscar Arias,
disse ontem que tentaria convencer os outros participantes da cúpula
a "reconhecer o novo Governo" hondurenho.
Segundo Rodas, durante a cúpula "só um dos presidentes mudou sua
posição". Os outros, assegurou, "se mantêm firme" em sua postura de
não reconhecer as eleições.
A chanceler afirmou ainda que o que é profundamente lamentável é
que essa minoria de países, "em espaços multilaterais, se mantêm em
silêncio e em outros se manifestam quando vislumbram uma saída para
um conflito".
Neste sentido, destacou que as cúpulas ibero-americanas funcionam
com consensos, mas disse esperar que, em "algum momento", seja
possível "democratizar eventos deste tipo para que cada um dos
líderes da região possa externar claramente as posições que tem sem
temer o dissenso".
Rodas também ressaltou que é a falta de consenso "que consolida
as democracias". EFE