Bruxelas, 3 nov (EFE).- A Grécia não poderá deixar a zona do euro sem abandonar também a União Europeia (UE), segundo estabelece o Tratado de Lisboa, afirmou nesta quinta-feira a Comissão Europeia em resposta ao referendo que os gregos pretendem realizar para decidir seu futuro.
"Os tratados confirmam o que temos dito aqui: o tratado não prevê uma saída da zona do euro sem saída da UE, então essa é a atual situação", declarou a porta-voz da Comissão Europeia, Karolina Kottova.
O Tratado de Lisboa, adotado em 2009, contém uma cláusula de saída da UE, mas não faz referências ao abandono de um Estado membro da zona do euro.
A porta-voz da Comissão Europeia se recusou a revelar se juristas das instituições europeias estão analisando a Carta Magna da UE para uma possível saída da Grécia do bloco dos 27, ao destacar que a "situação está em transformação e o resultado ainda não está claro".
No entanto, Karolina reiterou que a Comissão Europeia enxerga a Grécia dentro da zona euro. "Até onde sabemos, esta é a única opção sobre a mesa", assegurou a porta-voz, lembrando o Governo grego que o resgate estipulado "é a melhor solução e a única opção para Grécia".
O presidente do Eurogrupo e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, reiterou esta manhã, em entrevista à televisão pública alemã "ZDF", o que já tinham exigido na última quarta a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
"Desejamos que a Grécia continue sendo um membro, mas não a qualquer preço", comentou Juncker, acrescentando que a zona do euro não pode "continuar sobre uma montanha-russa com a questão da Grécia. Temos que ter as coisas claras".
A saída da Grécia da zona do euro "não é a opção preferida", embora "estejamos absolutamente preparados para isso", completou o presidente do Eurogrupo.
O porta-voz comunitário para Assuntos Econômicos e Monetários, Amadeu Altafaj, frisou que o desembolso do sexto lance da ajuda à Grécia, no valor de 8 bilhões de euro, dependerá que o Governo Grego cumpra seus compromissos assumidos com a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Há uma decisão política da zona do euro sobre as condições sob as quais se desembolsará o sexto lance, mas claro que tudo isso depende da Grécia cumprir seus compromissos", assinalou.
"Não pode haver nenhuma incerteza em relação à vontade e à determinação da Grécia de cumprir os compromissos que assumiram" disse o porta-voz, que também lembrou que Giorgos Papandreou, primeiro-ministro grego, fez parte dos líderes da zona do euro que aprovaram o segundo resgate à Grécia.
O segundo resgate à Grécia está firmado em 130 bilhões de euro, entre os 100 bilhões que foram propostos pela UE e o FMI e os 30 bilhões que os países da zona do euro repassariam aos bancos para que seja perdoada metade da dívida grega. EFE