Brasília, 22 out (EFE).- O Congresso conseguiu aprovar a criação
de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar
as fontes de financiamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra
(MST), que segundo a oposição recebe dinheiro de forma ilegal do
Governo, informaram hoje fontes oficiais.
A comissão formada por senadores e deputados federais foi
proposta pelo DEM, segundo o qual o Governo de Luiz Inácio Lula da
Silva teria repassado US$ 65 milhões às entidades vinculadas ao MST
nos últimos cinco anos.
O DEM obteve o respaldo de 210 deputados e 36 senadores,
superando os dois terços em ambas as câmaras necessários para a
abertura da investigação.
Senadores e deputados que apoiaram o DEM na abertura da CPI
disseram ter aceitado a investigação por causa da recente ação do
MST, que há duas semanas invadiu a fazenda da multinacional Cutrale
e destruiu cerca de 7 mil pés de laranjeiras.
O MST justificou a ocupação alegando a discussão sobre a
propriedade das terras da Crutale, se públicas ou privadas, assunto
que desde 2006 está sob análise na justiça.
A destruição das laranjeiras foi recebida com indignação pelos
partidos políticos e condenada até mesmo pelo presidente Lula, que
considerou injustificável o ato de vandalismo por parte do movimento
social.
O movimento camponês, antigo aliado de Lula e da esquerda,
pressiona há 25 anos por uma reforma agrária radical, e é
considerado pela direita um grupo violento que atenta contra a
propriedade privada e dissemina o caos no campo.
Entre as bandeiras do MST está o combate aos latifúndios, à luta
pela democratização da propriedade da terra e o enfrentamento às
multinacionais que exploram os camponeses.
Há um mês, a oposição propôs a abertura de uma CPI para
investigar o MST, mas a solicitação não teve êxito porque não
conseguiu o mínimo necessário para abertura.
O Congresso vai definir na próxima semana quem serão os
parlamentares que vão fazer parte da CPI, cujos trabalhos devem
começar dentro de 15 dias.
A comissão terá um prazo inicial de três meses, que poderá ser
prorrogado por mais três, levando a investigação para 2010, ou seja,
para o ano eleitoral.
O Governo nega as acusações do DEM e sustenta que a oposição
pretende valer-se da investigação para aquecer o ambiente político
antes do início da campanha para as eleições de outubro do 2010, que
começará em junho próximo. EFE