Rio de Janeiro, 8 fev (EFE).- A estagnação das negociações entre as autoridades e os policiais em greve há oito dias no estado da Bahia elevou a tensão nesta quarta-feira nos arredores da sede da Assembleia Legislativa, tomada pelos agentes, segundo o líder dos grevistas.
Um dia depois do fracasso de um acordo que o governo estadual considerava iminente, o Exército reforçou seu cerco à sede da Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, que foi tomada na terça-feira da semana passada por um número ainda desconhecido de grevistas.
Em declarações por telefone a uma rádio de Salvador, o líder dos grevistas, Marco Prisco, afirmou que os policiais estão "se preparando" para a ação do Exército.
Prisco disse ter percebido um posicionamento diferente dos aproximadamente 800 militares que cercam o prédio, especialmente pela chegada de mais veículos e o sobrevoo de helicópteros, e disse temer um possível confronto.
Após os choques entre os militares e os policiais em greve registrados nos primeiros dias do cerco, a situação se tranquilizou na terça-feira e os grevistas até entregaram um bolo ao general Marco Gonçalves Dias, comandante da tropa enviada a Salvador, para festejar seu aniversário.
As negociações, que contam com a intermediação do arcebispo de Salvador, Murilo Krieger, pareciam avançar satisfatoriamente e o governador da Bahia, Jacques Wagner, chegou a anunciar que estavam perto de um acordo.
Mas a situação mudou após a estagnação das negociações e os militares, além de reforçar o bloqueio, cortaram a provisão de energia elétrica e suspenderam a autorização que tinham concedido para que familiares levassem remédios e alimentos aos agentes que permanecem no interior da Assembleia Legislativa.
Fontes do governo da Bahia consultadas pela Agência Efe disseram que por enquanto não está previsto que as partes se reúnam nesta quarta, visto que estão analisando as propostas apresentadas.
O governador da Bahia, em declarações a emissoras de televisão, reafirmou a proposta que apresentou aos grevistas para reajustar os salários imediatamente em 6,5% e conceder a eles uma série de pagamentos extras até 2015, que elevariam os salários em até cerca dos 30% reivindicados.
"Fizemos um esforço muito grande para garantir a GAP 4 a partir de novembro. Essa despesa (GAP 4 e 5) representa mais de R$ 170 milhões, é parte significativa do Orçamento. Agora eu só posso esperar que cada policial entenda que o estado tem um limite e não frustre a população da maior festa popular do mundo (o carnaval)", afirmou Wagner.
A greve preocupa as autoridades não só pelo aumento da insegurança, mas também pelo possível impacto econômico que pode ter em Salvador, cidade que espera dezenas de milhares de turistas para o carnaval. EFE