Pequim, 2 fev (EFE).- As relações entre Washington e Pequim
atravessam momentos de forte tensão após a divulgação da intenção do
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de se reunir com o
Dalai Lama e de vender armas a Taiwan.
O encontro entre Obama e o líder tibetano "danificará seriamente
as relações" e "será irracional e prejudicial" caso aconteça, disse
hoje em entrevista coletiva Zhu Weiqun, subdiretor do Departamento
da Frente Unida do Comitê Central do Partido Comunista da China
(PCCh).
Zhu assegurou que, caso a reunião aconteça, seu país vai tomar
"as medidas necessárias". Além disso, afirmou que Pequim "se opõe à
tentativa de qualquer força estrangeira de interferir em assuntos
internos da China usando o Dalai Lama como desculpa".
Na recente visita do Dalai aos EUA e em um gesto para a China,
Obama não se reuniu com o líder tibetano, também agraciado com o
Nobel da Paz (1989), sendo o primeiro presidente americano a agir
dessa forma.
No entanto, o líder americano enviou uma delegação governamental
a Dharamsala (sede do Governo tibetano no exílio) e prometeu um
encontro com o Dalai.
O Governo chinês considera o líder tibetano um separatista,
enquanto este procura uma maior autonomia para o Tibete e um aumento
do território.
Pequim considera que a região autônoma do Tibete cobre apenas 1,2
milhões de quilômetros quadrados no sudoeste do país, enquanto
círculos próximos ao líder tibetano incluem em sua nação zonas de
outras províncias chinesas onde vivem tibetanos, que se estendem por
pelo menos mais 1 milhão de quilômetros quadrados.
A advertência que a China enviou hoje a Washington acontece
quatro dias depois que Pequim suspendeu seus intercâmbios militares
com os EUA em resposta a seu plano de vender armas a Taiwan.
A respeito deste assunto, o Governo chinês confirmou hoje que vai
sancionar as empresas americanas que participem da venda de armas à
ilha.
"A China vai impor as sanções pertinentes àquelas companhias que
vendam armas a Taiwan", afirmou em entrevista coletiva o porta-voz
do Ministério de Assuntos Exteriores, Ma Zhaoxu.
O Governo dos EUA informou na sexta-feira passada ao Congresso
sua intenção de vender armas a Taiwan por um valor de mais de US$ 6
bilhões. Entre o armamento entregue, estariam incluídos helicópteros
Black Hawk e baterias de mísseis Patriot.
A venda será efetivada se o Congresso americano não expressar
oposição em um prazo de 30 dias.
Várias grandes companhias americanas participarão da operação. A
aeronáutica Boeing, uma das firmas relacionadas, negou à Efe que o
Governo chinês tenha entrado em contato para comunicar possíveis
sanções e se limitou a assinalar que a firma conheceu a notícia pela
imprensa.
Taiwan é um dos maiores motivos de conflito entre EUA e China, já
que Pequim considera a ilha parte de sua soberania (apesar de estar
autogovernada desde 1949) e exige que Washington pare de
fornecerapoio militar.
"A venda de armas (a Taiwan) terá certamente um impacto sério em
nossos intercâmbios e cooperações em muitos assuntos importantes e
levará a consequências que não são bem-vindas por nenhuma das duas
partes", acrescentou o porta-voz.
Por último, sugeriu o adiamento do diálogo bilateral de Direitos
Humanos, previsto para o mês que vem.
O apoio dos EUA ao líder uigur Rebiya Kaader, o protecionismo
comercial, a mudança climática, os direitos humanos, a valorização
do iuane, ou o recente conflito entre Pequim e a companhia americana
Google, são outros assuntos espinhosos que dificultam as relações
bilaterais. EFE