SÃO PAULO (Reuters) - O dólar acelerava a alta ante o real nesta terça-feira, após o chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizar que deve precisar promover mais aumentos na taxa de juros nos Estados Unidos do que se esperava para controlar a inflação e não descartou acelerar o passo no ritmo de altas.
"Se a totalidade dos dados indicar que um aperto mais rápido se justifica, estaremos preparados para aumentar o ritmo das altas de juros", disse Powell em discurso ao Comitê Bancário do Senado. O Fed realizará sua próxima reunião de política monetária em 21 e 22 de março.
Às 13:05 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,48%, a 5,1946 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 13:05 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a 5,2220 reais.
De acordo com Michael Brown, analista na Traderx, em Londres, foi uma declaração surpreendentemente 'hawkish' do Powell, colocando a opção de um aumento de 0,5 ponto percentual na mesa para este mês, ao mesmo tempo em que mostra desapontamento com a falta de progresso feito na inflação até agora.
"Isso serve para os mercados como outro lembrete de que o Fed está decidido em seu desejo de apertar as condições financeiras e mantê-las apertadas", acrescentou. Veja mais reações compiladas pela equipe de Finanças e Mercados Globais da Reuters aqui.
Os operadores aumentavam drasticamente suas apostas de uma alta de 50 pontos-base em março, com os investidores vendo uma chance de quase 40% de tal movimento, de 23% antes dos comentários.
A perspectiva de juros mais altos nos EUA tende a impulsionar o dólar globalmente. Powell ainda falava ao Congresso dos EUA neste começo de tarde.
Investidores do mercado brasileiro também permaneciam na expectativa da divulgação do arcabouço fiscal do país. Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o desenho da nova regra fiscal já foi fechado. Ele tinha reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta terça.
"Em dia de agenda de indicadores relativamente esvaziada, o mercado continua na espera da proposta de nova regra fiscal que pode ser divulgada ainda esta semana pelo Ministério da Fazenda", afirmou a equipe da XP Investimentos (BVMF:XPBR31) em nota enviada a clientes mais cedo.
(Por Paula Arend Laier e Luana Maria Benedito)