Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda nesta quarta-feira e terminou o dia abaixo de 3,80 reais, após o Congresso Nacional manter uma série de vetos presidenciais, trazendo algum alívio em meio a profundas incertezas políticas no Brasil.
O dólar recuou 0,71 por cento, a 3,7900 reais na venda. Foi a maior queda da divisa norte-americana desde 3 de novembro, quando tinha recuado 2,39 por cento.
"A aprovação dos vetos traz alguma tranquilidade no curto prazo. A questão política tem sido o principal foco nos últimos meses e o noticiário relevante para hoje é positivo", disse o operador Marcos Trabbold, da corretora B&T.
O Congresso manteve na noite de terça-feira vetos presidenciais a dois temas polêmicos que poderiam causar impactos bilionários das contas públicas: o reajuste de até 78,6 por cento para os servidores do Judiciário e a dedução de imposto de renda para compra de livros por professores.
Nesta tarde, o Congresso também manteve o veto de Dilma à extensão das regras do salário mínimo a todas as aposentadorias, outra medida que teria grande efeito fiscal. O mercado também recebeu bem a aprovação pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) da alteração na meta fiscal proposta pelo governo para este ano, mais cedo na terça-feira.
"O mercado sabe que o Congresso vai continuar sendo uma pedra no sapato do governo, mas no curtíssimo prazo tivemos um desenvolvimento positivo", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Ao longo desta sessão, investidores adotaram cautela antes da divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, banco central norte-americano, simultaneamente ao fechamento do mercado à vista, às 17h, em busca de pistas sobre o futuro da política monetária norte-americana.
O mercado aposta que o Fed deve elevar os juros nos Estados Unidos em dezembro, o que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil. Declarações de autoridades do Fed reforçaram essas apostas nesta tarde, levando os mercados de juros futuros norte-americanos a mostrar chance de 72 por cento de aumento das taxas em dezembro.
"Agora que a alta de juros (nos EUA) está ali, virando a esquina, o mercado fica muito especulativo. Toda informação nova é importante para formar as expectativas", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
A ata do Fed mostrou que um número sólido de autoridades defendendo uma possível alta de juros no próximo mês, mas o banco central dos EUA também debateu evidências de que o potencial de longo prazo da economia norte-americana pode ter se movido permanentemente para baixo.
Alguns minutos após a divulgação do documento, o contrato do dólar ante o real para dezembro ampliou as perdas e passou a cair cerca de 1 por cento.
De volta ao front interno, o Banco Central brasileiro deu continuidade, nesta manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 7,076 bilhões de dólares, ou cerca de 65 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.