Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO, 9 Mai (Reuters) - Após a forte alta da véspera, o dólar à vista fechou em baixa ante o real nesta terça-feira, na contramão do exterior, com exportadores aproveitando as cotações elevadas para internalizar recursos no país e investidores ajustando posições no mercado futuro da moeda norte-americana.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9875 reais na venda, com queda de 0,55%, novamente abaixo dos 5 reais. O movimento, no entanto, esteve longe de compensar a elevação de 1,44% da véspera.
Na segunda-feira, investidores reagiram negativamente ao anúncio de que o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, será indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. A leitura foi de que Galípolo, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elevaria a pressão para que o Banco Central reduza a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano.
Nesta terça-feira, Galípolo defendeu o corte de juros, mas ponderou que esta é uma vontade de "todo mundo". "Acho que todo mundo quer baixar os juros. Tenho convicção que toda a diretoria do Banco Central não tem nenhum tipo de satisfação, nem profissional nem pessoal, de ter um juro mais alto", disse ele a jornalistas. As declarações, no entanto, não afetaram o mercado de câmbio.
Na manhã desta terça, o dólar chegou a dar continuidade ao movimento de alta e atingiu a cotação máxima da sessão, de 5,0379 (+0,46%), às 9h55. Mas a moeda norte-americana foi perdendo força gradativamente, até se firmar no território negativo no início da tarde.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:25 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,52%, a 5,0095 reais.
Profissionais ouvidos pela Reuters disseram que a queda foi gerada pelo fluxo positivo de moeda, com exportadores aproveitando as cotações mais elevadas --acima dos 5 reais-- para internalizar recursos.
No mercado futuro, alguns investidores aproveitaram para ajustar posições, após o forte avanço da véspera. O mercado futuro de dólar é o mais líquido no Brasil e, no limite, é o que conduz as cotações da divisa no mercado à vista.
Além destes fatores, o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, afirmou que a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada pela manhã, reforçou a leitura de que a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, não será cortada no curto prazo.
“O real tem força para apreciar em relação ao dólar, com uma balança comercial muito forte, somado a um diferencial de juros muito elevado. E os riscos externos também estão em queda”, avaliou.
Na mínima da sessão, às 13h17, o dólar à vista chegou a ser cotado a 4,9735 (-0,83%). Depois, a divisa se acomodou em patamar mais alto.
No exterior, o dólar mantinha ganhos ante boa parte das demais divisas de países exportadores de commodities, com investidores receosos quanto às negociações para ampliação do teto da dívida dos Estados Unidos.
Às 17:25 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,19%, a 101,630