Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava mais de 1 por cento e girava em torno de 3,25 reais nesta quarta-feira, reagindo ao ambiente externo favorável e à ausência do Banco Central do mercado de câmbio mesmo diante do tombo recente da moeda norte-americana aos menores níveis em quase um ano.
Às 10:12, o dólar recuava 1,56 por cento, a 3,2545 reais na venda. A moeda chegou a 3,2465 reais na mínima da sessão, menor nível intradia desde 23 de julho de 2015 (3,2225 reais).
O dólar futuro caía 1,5 por cento.
"O dólar engrenou em um movimento de baixa, tanto aqui quanto lá fora, e parece que o BC não tem objeções a isso", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O apetite por ativos mais arriscados que varreu os mercados globais na sessão passada continuava forte nesta terça-feira, com investidores recebendo bem a perspectiva de que bancos centrais globais podem reagir a eventuais turbulências financeiras com mais estímulos.
O dólar cortou pela metade a alta registrada frente ao peso mexicano desde que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia na quinta-feira passada, que chegou a 7 por cento. Nesta sessão, recuava cerca de 1 por cento frente à moeda mexicana.
A queda intensa da moeda norte-americana pegou de surpresa muitos operadores e levou alguns analistas a reverem suas projeções, embora poucos acreditem que o dólar deva recuar muito além dos 3,20 reais.
A equipe de estratégia do BNP Paribas (PA:BNPP) passou a estimar o dólar a 3,20 reais no terceiro trimestre e 3,25 reais no quarto trimestre, ganhando força para fechar o ano que vem a 3,60 reais. Até então, as projeções eram de 3,75 reais, 3,80 reais e 4,00 reais, respectivamente.
Operadores citavam ainda a percepção de que o BC brasileiro deve ser menos propenso a intervir no mercado, apesar de possíveis impactos negativos sobre as exportações.
"Parece que o BC não quer gerar ruídos no mercado e isso ajuda a queda do dólar. Por sua vez, um dólar mais fraco facilita a ancoragem das expectativas de inflação", explicou o operador de um importante banco nacional.
O BC não faz leilão de swap reverso, que equivale a compra futura de dólares, desde 18 de maio.
Na véspera, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, repetiu que a autoridade monetária pode reduzir sua exposição cambial quando e se for possível e que poderá usar todas as ferramentas com parcimônia no câmbio.