Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava perto de 2 por cento e se aproximava de 3,50 reais nesta segunda-feira, mesmo após rara atuação tripla do Banco Central para sustentar as cotações, refletindo a euforia do mercado com perspectiva de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Às 12:28, o dólar recuava 1,94 por cento, a 3,5269 reais na venda, após marcar na sexta-feira o maior tombo diário em seis meses.
A moeda norte-americana atingiu 3,5059 reais na mínima desta sessão. O dólar futuro caía cerca de 1,85 por cento.
"A semana promete trazer grandes emoções", resumiu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva, citando a votação do parecer sobre o impeachment e, possivelmente, a apreciação do tema no plenário da Câmara no fim da semana.
O próprio governo prevê que será derrotado na votação na comissão do impeachment e tem concentrado seus esforços em angariar votos no plenário da casa.
Levantamentos mostrando que estaria crescendo a adesão dos deputados à campanha pelo afastamento de Dilma têm sido bem recebidos no mercado, que entende que a manobra poderia ajudar a trazer de volta a confiança no Brasil.
O bom humor levou investidores a deixarem de lado pesquisa do Datafolha mostrando redução do apoio popular ao impeachment.
Diante da forte queda do dólar sobre o real, o BC intensificou sua atuação no mercado, mas com poucos efeitos.
Após vender apenas 7,7 mil dos 20 mil swaps reversos em leilão na primeira hora da sessão, a autoridade monetária anunciou ainda para esta manhã outra oferta de 12,3 mil contratos, equivalente aos não vendidos. Essa segunda estapa não estava sendo normalmente feita.
No entanto, também vendeu parcialmente a oferta na segunda operação, colocando ao todo 12,7 mil novos swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares.
Além disso, o BC vendeu apenas 4 mil swaps tradicionais --que correspondem à venda futura de dólares-- na oferta de até 5,5 mil contratos para rolagem do lote do mês que vem, após vender a oferta integral em todos os leilões de rolagem feitos neste mês.
Com isso, repôs ao todo o equivalente a 1,804 bilhão de dólares, ou cerca de 17 por cento do lote total, que corresponde a 10,385 bilhões de dólares.
O BC tem reduzido rapidamente nas últimas semanas seu estoque de swaps tradicionais, hoje equivalente a pouco mais de 100 bilhões de dólares, que tende a gerar custos para o BC quando o dólar sobe.
Nos mercados externos, dados sobre a inflação chinesa alimentaram expectativas de que Pequim deve manter seus estímulos monetários, aumentando a demanda por ativos de maior risco. O movimento dava continuidade ao bom humor que prevaleceu na sexta-feira, depois de vários dias de intensa aversão a risco.
(Edição de Patrícia Duarte)