SÃO PAULO (Reuters) - Em sessão marcada por altas e baixas nesta terça-feira, o dólar voltava a desvalorizar sobre o real, com a alta nos preços do petróleo favorecendo as moedas de países emergentes, enquanto receios sobre a proximidade de elevação nos juros norte-americanos mantinham os investidores cautelosos.
O mercado também mostrou otimismo com a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. Mais uma vez, o BC permanecia não atuava no mercado cambial, a terceira sessão seguida.
Às 13:07, o dólar recuava 0,30 por cento, a 3,4938 reais na venda, após cair 0,62 por cento na mínima do dia, a 3,4825 reais, e subir 0,72 por cento, a 3,5295 reais, na máxima. O dólar futuro recuava cerca de 0,3 por cento.
"O petróleo voltou a subir forte, acima de 1 por cento, enfraquecendo o dólar ante as (moedas) emergentes, após os dados bons da economia americana que valorizaram a moeda dos EUA mais cedo", disse o superintende regional de câmbio da SLW, João Paulo de Gracia Correa.
A commodity nos EUA atingiu a máxima em sete meses nesta sessão, em meio a expectativas de estoques menores nos Estados Unidos e após incêndios florestais voltaram a ameaçar fornecedores canadenses.
Neste cenário, o dólar também passou a cair em relação ao peso chileno, mas ainda operava em leve alta frente ao peso mexicano. Já em relação a uma cesta de moedas, o dólar recuou.
Nos EUA, os preços ao consumidor nos EUA tiveram a maior alta em mais de três anos em abril, com o avanço dos custos da gasolina e dos aluguéis, indicando pressão inflacionária constante que pode dar ao Fed munição para elevar os juros ainda este ano. Além disso, a produção industrial expandiu em abril, com os fabricantes de maquinário e carros registrando aumentos sólidos na produção.
Juros mais elevados na maior economia do mundo poderiam levar à saída de recursos de países considerados mais arriscados, como o Brasil.
No lado das pressões de alta para a moeda norte-americana estava ainda a notícia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello liberou para inclusão na pauta do plenário da Corte a ação que pede que a Câmara dos Deputados instale uma comissão especial para analisar um pedido de impeachment contra o presidente interino Michel Temer.
O mercado reagiu bem à indicação, antes dos mercados financeiros abrirem, de Ilan para presidir o BC, conforme esperado e festejado pelos investidores. Também foram anunciados outros nomes para a equipe do Ministério da Fazenda, com Marcelo Caetano na secretaria da Previdência, Mansueto Almeida na secretaria da Acompanhamento Econômico e Carlos Hamilton na secretaria de Política Econômica.
"Os nomes agradaram e o mercado reagiu bem", resumiu o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.
O BC não anunciou até o momento leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares. Para muitos operadores, a autoridade monetária não tem interesse na cotação abaixo de 3,50 reais para não prejudicar as exportações brasileiras e, consequentemente, as contas externas.
(Por Flavia Bohone)