Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar encerrou a terça-feira em alta ante o real, com alguma correção após o forte recuo da véspera, enquanto investidores aguardavam pesquisa eleitoral Ibope à noite, mas sem tirar o exterior do foco, onde os EUA anunciaram que vão adotar tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses.
O dólar avançou 0,41 por cento, a 4,1422 reais na venda, depois de terminar a véspera com queda de 1 por cento, a 4,1252 reais. O dólar futuro rondava a estabilidade.
"O mercado já vê com bons olhos um segundo turno entre Bolsonaro e PT, porque há grandes chances do deputado vencer", comentou o operador Jefferson Laatus, sócio da LAATUS Educacional, ponderando, entretanto, que o movimento da véspera foi um pouco exagerado "e o mercado tentava corrigir um pouco nesta sessão".
Na segunda-feira, o dólar recuou ante o real após pesquisa CNT/MDA mostrar o fortalecimento de Bolsonaro no segundo turno.
Investidores preferem candidatos mais comprometidos com o ajuste das contas públicas e sua primeira opção é o tucano Geraldo Alckmin. Mas como ele não tem conseguido avançar nas pesquisas, o mercado já tem aceitado Bolsonaro como alternativa a candidatos com perfil mais à esquerda.
"Ciro Gomes não está morto ainda (na disputa) e o risco de no segundo turno ter um (candidato com viés) de esquerda que não seja o PT existe", acrescentou Lattus, ao ponderar que, neste cenário, Ciro, candidato do PDT, é mais forte para derrubar Bolsonaro.
Além da pesquisa Ibope prevista para a noite desta terça-feira, a semana ainda inclui levantamentos Datafolha (quinta-feira) e XP/Ipespe (sexta-feira).
"Dada a polarização (das eleições), espero muita abstenção, assim como um resultado apertado...Isso significa que o apoio político do vencedor será muito pequeno, com 1/3 das pessoas contra ele (devido à ruptura ideológica) e 1/3 à espera de um alívio econômico que pode não vir como esperado", ponderou o diretor de tesouraria de um banco estrangeiro ao citar os números ainda embolados na disputa eleitoral.
Enquanto novos números não vêm, o cenário externo foi monitorado, após os Estados Unidos elevarem as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos da China a partir de 24 de setembro, de 10 por cento.
As medidas entretanto, já eram esperadas e, desta forma, as moedas de países emergentes, em sua maioria, se fortaleceram ante o dólar e contiveram uma correção maior por aqui.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 5,995 bilhões de dólares do total de 9,801 bilhões de dólares que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
(Edição Paula Arend Laier e Iuri Dantas)