Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda e abaixo de 3,40 reais nesta quarta-feira, com investidores mais otimistas sobre a possibilidade de o Reino Unido permanecer na União Europeia (UE) um dia antes do referendo que decidirá a questão.
O movimento foi exacerbado por operadores testando a disposição do Banco Central de intervir no mercado cambial após o tombo recente da moeda norte-americana.
O dólar recuou 0,83 por cento, a 3,3778 reais na venda. A moeda norte-americana vem rondando os 3,40 reais durante toda esta semana, nos menores níveis em quase um ano.
O dólar futuro caía cerca de 1,15 por cento no fim da tarde. A divisa dos EUA também perdia terreno contra moedas como os pesos chileno e mexicano.
"Parece que o mercado está confiante de que o 'Fica' vai ganhar no referendo", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Mercados de apostas vêm mostrando chances maiores de vitória da campanha pela permanência britânica no bloco econômico, enquanto pesquisas de opinião indicam disputa acirrada.
Levantamento divulgado nesta quarta-feira mostrando ligeira vantagem da campanha pela saída chegou a levar o dólar a reduzir as perdas momentaneamente, mas a moeda norte-americana voltou às mínimas do dia em seguida.
Operadores temem que possível saída do Reino Unido golpeie o apetite por risco nos mercados internacionais, pesando sobre ativos de países emergentes como o Brasil.
No mercado local, operadores aproveitaram o cenário externo favorável para testar a estratégia do BC com seu novo presidente, Ilan Goldfajn, que não atuou no mercado local neste mês mesmo diante da possibilidade de o dólar fraco pressionar as exportações. Recentemente, e sob o comando de Alexandre Tombini, o BC costumava agir no mercado de câmbio quando o dólar recuava abaixo de 3,50 reais.
"O mercado vai continuar assim sensível por mais um tempo, até o mercado concluir que o BC de fato está confortável com o dólar nesses patamares", resumiu o operador de um banco internacional.
Na véspera, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, afirmou que a autoridade monetária está esperando a definição de fatores internacionais, como o referendo britânico e a questão dos juros nos Estados Unidos, para decidir se vai agir.
A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, reiterou na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos nesta manhã sua defesa de postura cautelosa para elevar os juros. Ela afirmou ainda que não marcou reuniões especiais para sexta-feira ou sábado como resposta ao referendo britânico sobre a permanência ou não na União Europeia.
(Edição de Patrícia Duarte)