SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía nesta quarta-feira e era negociado abaixo de 3,55 reais, em movimento de ajuste após a alta de quase 4 por cento nas duas sessões passadas, e sem a atuação do Banco Central no mercado de câmbio.
O movimento era contrário ao visto no cenário externo, onde a moeda norte-americana subia frente a outras divisas diante do aumento da aversão ao risco por conta de temores sobre a economia global.
Às 11:13, o dólar recuava 0,63 por cento, a 3,5486 reais na venda, após acumular alta de 3,81 por cento nos dois pregões passados. O dólar futuro caía cerca de 0,25 por cento.
"(O dólar) deu uma puxada um pouco mais forte do que se esperava e está corrigindo... A tendência ainda é de desvalorização", disse o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel.
Após as recentes valorizações, que levou o dólar a fechar no patamar de 3,57 reais na véspera, o BC não anunciou para esta sessão leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólar. A percepção de muitos operadores é que a autoridade monetária não quer o dólar abaixo de 3,50 reais para não prejudicar as exportações brasileiras e estaria confortável com o atual nível.
Por isso, atuou com força no final da semana passada e início desta, após o dólar fechar abaixo de 3,45 reais.
Os operadores têm dito que a tendência do dólar é de queda sobre o real por conta do cenário político, diante do iminente afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff na próxima semana, pelo Senado. Se concretizado, o vice Michel Temer assume o comando do país, e já deixou claro que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, nome que agrada o mercado, será seu ministro da Fazenda.
Na véspera, Temer disse em entrevista que, caso assuma a Presidência, pretende apresentar de imediato medidas econômicas que tenham um impacto positivo para o país.
No exterior, no entanto, prevalecia o tom de cautela, com receios sobre o crescimento global na esteira de dados recentes na China e na Europa. Desta forma, o dólar ganhava força em relação a uma cesta de moedas, assim como a moedas de países emergente como México.
Pesquisa Reuters mostrou que o dólar não deve voltar a bater recordes contra moedas de países emergentes neste ano, inclusive no Brasil, após a forte queda dos primeiros meses de 2016 em meio a dúvidas sobre o aumento dos juros nos Estados Unidos.
(Por Flavia Bohone)