SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduzia a alta em relação ao real nesta segunda-feira, após chegar a subir mais de 2 por cento e bater 3,58 reais na máxima do dia, nível mais alto em mais de 12 anos, reagindo à intensa aversão ao risco nos mercados globais diante do forte tombo das bolsas da China.
Às 12:28, o dólar avançava 1,73 por cento, a 3,5565 reais na venda. Na máxima da sessão, subiu 2,43 por cento e foi a 3,5809 reais, nível mais alto no intradia desde 27 de fevereiro de 2003, quando alcançou 3,6050 reais.
"São forças de pânico, não há racionalidade. Em um dia como hoje, não há nada a fazer: é esperar e ver o quanto o dólar sobe", disse o economista da 4Cast, Pedro Tuesta.
Ele ressaltou, no entanto, que o avanço visto mais cedo foi exagerado. Além disso, ponderou que, "se não houver recuperação, o Fed preferirá adiar (a alta dos juros). Os danos foram significativos".
As bolsas de Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8 por cento nesta sessão, reforçando o quadro de preocupações com a China, que vem afetando o apetite por ativos de risco, como aqueles denominados em reais, nos mercados globais.
"Os agentes internacionais esperavam que o banco central chinês anunciasse novas medidas no final de semana para dar suporte ao sistema financeiro. Como nada foi feito, as principais bolsas chinesas fecharam novamente com fortes quedas hoje, arrastando as demais praças para um pregão de perdas", escreveu o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa, em nota a clientes.
Agentes financeiros também buscavam pistas sobre a intervenção do Banco Central no câmbio, uma vez que a autoridade monetária aumentou sua atuação na última vez em que a moeda dos EUA operou em patamares próximos aos atuais.
"A atuação do BC pode diminuir o ritmo da alta, mas com certeza não vai impedir que o dólar suba. É um movimento global", disse o operador de um banco internacional.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou 7,562 bilhões de dólares, ou cerca de 75 por cento, do total de 10,027 bilhões de dólares e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
No Brasil, preocupações políticas também atingiam o ânimo dos agentes financeiros, após o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, determinar que as contas de campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e o PT sejam investigados por suposta prática de crimes, argumentando que há "vários indicativos" de que ambos foram financiados por propina desviada da Petrobras (SA:PETR4).
Os mercados financeiros têm sido profundamente afetados pelas incertezas em torno da permanência de Dilma no cargo até o fim de seu mandato.
"Está cada vez mais difícil imaginar a luz no fim do túnel", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
(Por Bruno Federowski)