Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reverteu ganhos iniciais contra o real e caía nesta segunda-feira, com a disparada dos preços das commodities em meio à guerra na Ucrânia continuando a impulsionar divisas de países exportadores.
Às 10:04 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,42%, a 5,0568 reais na venda. A moeda caiu 0,66% na mínima do dia, a 5,0450 reais, depois de ter chegado a avançar 0,36% no início da sessão, a 5,0967.
Na B3, às 10:04 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,25%, a 5,0910 reais.
Além do real, outras moedas de países exportadores de commodities registravam ganhos nesta segunda-feira, com destaque para dólar australiano, dólar neozelandês e rand sul-africano.
Os preços do petróleo subiram para os níveis mais elevados desde 2008 nesta segunda-feira, com o barril do tipo Brent chegando a superar os 139 dólares, já que os Estados Unidos e seus aliados europeus avaliavam uma proibição da importação do óleo russo, que se somaria às várias sanções já adotadas contra o Kremlin depois da invasão da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, os futuros de grãos como trigo, soja e milho também eram negociados em seus maiores patamares em vários anos, afetados por temores de restrição da oferta diante das tensões no leste europeu.
Nesse contexto, "o fluxo de capital de economias centrais para países produtores (de commodities), como o Brasil, o qual já era intenso antes da crise, parece não ter cessado e tende a se intensificar, mesmo com a perspectiva de volatilidade à frente", disse em relatório Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
O dólar acumula baixa de mais de 9% contra o real até agora em 2022, apesar da aversão a risco global provocada pela crise na Ucrânia e por expectativas de aperto da política monetária nos Estados Unidos. No mesmo período, houve valorização de cerca de 3% do índice da moeda norte-americana contra uma cesta de seis rivais fortes no exterior.
Além da alta das commodities, especialistas apontam o patamar elevado da taxa Selic como um colchão para o real, uma vez que isso aumenta a rentabilidade do mercado de renda fixa local, atraindo mais recursos para o Brasil.
A Selic está atualmente em 10,75% ao ano, e há expectativas de que suba ainda mais ao longo das próximas reuniões de política monetária do Banco Central. A mais recente pesquisa Focus, publicada pelo BC nesta segunda-feira, projeta os juros básicos a 12,25% ao fim deste ano e a 8,25% em 2023.
A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão, na sexta-feira, em alta de 1,02%, a 5,0783 reais.