Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava cerca de 1 por cento e encostado ao patamar de 4 reais nesta terça-feira, após nova pesquisa de intenção de voto mostrar que o candidato à Presidência preferido do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), seguia sem ganhar tração na disputa.
Às 12:00, o dólar avançava 0,84 por cento, a 3,9909 reais na venda, depois de ter encerrado a véspera no maior nível em dois anos e meio, a 3,9577 reais. Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,9987 reais. O dólar futuro avançava cerca de 0,70 por cento.
"O mercado não considerava até poucos dias atrás um cenário sem Alckmin no segundo turno, mas já começou a precificá-lo. Assim, o dólar tem mesmo que ir para outro patamar", afirmou o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
Pesquisa do Ibope divulgada na noite passada revelou que, no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) liderava a corrida pelo Palácio do Planalto com 20 por cento das intenções de voto.
Em seguida, vinham Marina Silva (Rede), com 12 por cento, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9 por cento, Alckmin com 7 por cento, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), com 4 por cento e o senador Alvaro Dias (Podemos), com 3 por cento.
Alckmin é visto pelo mercado como um político comprometido com reformas que considera importantes para o ajuste fiscal do país.
O Ibope mostrou ainda que, num cenário com a presença de Lula na disputa, ele liderava a pesquisa com 37 por cento das intenções de voto. O temor dos investidores é que o ex-presidente, que está preso desde abril, consiga transferir boa parte dos votos para Haddad, que deve substituí-lo na disputa se sua candidatura ser barrada pela lei da Ficha Limpa.
"O novo patamar do dólar nesse novo cenário é entre 4,20 e 4,50 reais", afirmou Silveira, acrescentando que o dólar demorou muito para precificar uma mudança de cenário.
Mas há avaliações no mercado que o início da campanha eleitoral na TV e no rádio, marcada para o próximo dia 31, pode mudar o cenário já que Alckmin terá o maior tempo de exposição.
No exterior, o dólar recuava ante uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes após o presidente Donald Trump, em entrevista à Reuters na véspera, ter criticado a política de aumento de juros do Federal Reserve, banco central norte-americano.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 3,6 bilhões de dólares do total de 5,255 bilhões de dólares que vence em setembro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.