SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com alta de mais de 1,5 por cento nesta terça-feira, encostando novamente no patamar de 3,50 reais, após a China surpreender e promover forte desvalorização do iuan, golpeando boa parte das moedas emergentes nos mercados globais.
A moeda norte-americana avançou 1,59 por cento, a 3,4978 reais na venda, após recuar quase 2 por cento na véspera. Na máxima da sessão, o dólar chegou a 3,5173 reais, alta de 2,16 por cento.
"A inesperada desvalorização na China está provocando ampla aversão ao risco nos mercados, com os agentes considerando as implicações para a demanda global por commodities, a inflação e o balanço de riscos ao crescimento", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes.
A China desvalorizou sua moeda em quase 2 por cento, medida que classificou como reforma para liberalizar os mercados. Números fracos sobre a segunda maior economia do mundo e o tombo da bolsa do país têm gerado preocupação com o crescimento chinês e o iuan mais fraco pode servir de estímulo à atividade, incentivando exportações.
Moedas ligadas a commodities, como o dólar australiano e o peso chileno, estiveramentre as que mais sofreram nesta sessão.
"A decisão da China é uma forma de proteger a balança comercial do país, mas isso mostra que a economia não está bem e uma crise na China afeta o mercado global", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João Paulo De Gracia Correa.
O movimento foi, em parte, segurado pelo alívio em relação à grave crise política no Brasil, que vem impulsionando a moeda norte-americana nas últimas semanas.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou na véspera que a discussão sobre eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff não é prioridade do Congresso Nacional e que priorizar este assunto é o mesmo que colocar fogo no país.
Segundo operadores, o apoio de Renan ao governo pode atenuar os atritos entre o Executivo e o Legislativo.
Na véspera, o mercado de câmbio também havia mostrado alívio diante da maior atuação do Banco Central, para evitar altas maiores da moeda norte-americana ao ampliar a rolagem dos swaps que vencem em setembro.
Nesta manhã, o BC deu continuidade à estratégia ao vender a oferta total de até 11 mil contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Ao todo, já rolou 2,767 bilhões de dólares, ou cerca de 28 por cento do total que vence no mês que vem e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
(Por Bruno Federowski; Reportagem adicional de Flavia Bohone; Edição de Patrícia Duarte)