SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com alta de quase 1,5 por cento, indo ao patamar de 3,52 reais nesta sexta-feira, em linha com o mercado exterior, que viveu um dia de aversão ao risco por conta de temores que o banco central norte-americano pode elevar os juros mais do que uma vez neste ano.
Apesar da expectativa, a nova equipe econômica do presidente interino Michel Temer não anunciou medidas concretas para colocar a economia no eixos, mas não chegou a deixar os investidores desanimados.
A sessão foi marcada também pela ausência do Banco Central, que não anunciou leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares, após ter atuado nos dois pregões anteriores.
O dólar avançou 1,47 por cento, a 3,5236 reais na venda. Na semana, a moeda norte-americana subiu 0,59 por cento. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1 por cento no final desta tarde.
"Os dados dos EUA vieram todos positivos, valorizando a divisa no exterior", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João Paulo de Gracia Correa.
Nesta manhã, dados mostraram que as vendas no varejo nos Estados Unidos tiveram a maior alta em um ano em abril, o que sugere que a economia está recuperando ímpeto após o crescimento quase estagnar no primeiro trimestre. Além disso, a Universidade do Michigan divulgou seu índice de confiança do consumidor, com ganho de 6,8 pontos, para 95,8, a maior leitura desde junho.
Os dados econômicos dos EUA impulsionaram a expectativa de que o Federal Reserve possa aumentar a taxa de juros mais de uma vez este ano, o que poderia levar a saída de recursos de países mais arriscados, como o Brasil.
Neste cenário, o dólar ganhou força frente a uma cesta de moedas, atingindo a máxima de duas semanas. O cenário de maior aversão a risco também veio com a queda nos preços do petróleo.
No front local, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse em entrevista à imprensa que é preciso uma "avaliação bastante forte e bastante cuidadosa" dos programas sociais, e defendeu a sustentabilidade futura da dívida pública como principal prioridade em termos de política econômica, mas não divulgou medidas concretas.
"Ele ainda não disse exatamente como vai resolver (os problemas da economia), mas as indicações são positivas... É querer demais que ele já tenha as reais medidas, ele tem que negociar com o Congresso", disse o economista da consultoria 4Cast Pedro Tuesta.
Meirelles afirmou ainda que os membros da sua equipe serão anunciados na segunda-feira, incluindo quem presidirá o Banco Central. Mais cedo, em entrevista à TV Globo, Meirelles afirmou que "tudo indica" que o déficit primário este ano deve ser maior que o previsto.
(Por Flavia Bohone)