Dólar tem alta firme em dia de ajuste de preços, temor fiscal e ata do Fed

Publicado 21.11.2023, 17:12
© Reuters. Notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro
10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Após recuar mais de 1% na véspera, quando parte das praças no Brasil estiveram fechadas pelo feriado, o dólar à vista fechou em alta firme ante o real nesta terça-feira, em meio a ajustes de preços, a receios com a área fiscal e à alta da moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas, em dia de divulgação da ata do Fed.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8984 reais na venda, em alta de 0,95%. Em novembro, a moeda acumula baixa de 2,82%.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:32 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,87%, a 4,9010 reais.

Na segunda-feira, quando várias praças de negócios permaneceram fechadas em função do Dia da Consciência Negra, o dólar à vista cedeu 1,09% ante o real, numa sessão marcada pela baixa liquidez. O forte recuo abriu espaço para que, nesta terça-feira, houvesse um ajuste de preços e posições no mercado.

“Tem um pouco de payback (retorno) de ontem (segunda-feira), quando o real ganhou bem perante o dólar. Foi um dia de liquidez menor, por ser feriado em alguns lugares, então hoje (terça-feira) há um pouco de devolução dos exageros, na medida em que a liquidez volta ao normal”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho (NYSE:MFG).

No início da sessão, às 9h07, o dólar à vista chegou a oscilar no território negativo, marcando a cotação mínima de 4,8420 reais (-0,21%) às 9h07. Mas o movimento não se sustentou em função dos ajustes de preços, após a forte queda da véspera.

Além disso, investidores aguardavam pela divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, marcada para as 16h, e monitoravam o noticiário no Brasil.

Os receios em torno da questão fiscal permearam os negócios com juros futuros e contribuíram para sustentar as cotações do dólar ante o real, conforme alguns profissionais ouvidos pela Reuters.

Durante a tarde, surgiu a notícia de que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do projeto que muda a forma de tributação de fundos exclusivos e offshore para quarta-feira, após um pedido de vista da oposição.

O projeto, que faz parte dos esforços do governo para melhorar a arrecadação, teve seu parecer apresentado nesta terça-feira na CAE pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da proposta. Logo depois, o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), pediu vista.

Já o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que o governo quer regulamentar na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 os limites de crescimento máximos e mínimos de despesas definidos pelas novas regras fiscais, argumentando que isso "fortalece" o arcabouço para as contas públicas.

Segundo ele, os limites máximo e mínimo de crescimento real das despesas -- de 0,6% a 2,5% -- visam evitar "arranjo pró-cíclico" na política fiscal.

No exterior, durante a tarde o dólar sustentava ganhos ante divisas fortes e em relação a boa parte das moedas de países emergentes e exportadores de commodities, o que contribuía para a alta das cotações no Brasil. Às 15h25, o dólar à vista marcou a máxima de 4,9083 reais (+1,15%).

Após a divulgação da ata do Fed, o cenário se manteve, corroborando o avanço do dólar ante o real.

No documento, o Fed registrou que suas autoridades poderão adotar uma abordagem cautelosa para a taxa básica de juros dos EUA e que só precisarão aumentá-la "se" as informações recebidas mostrarem progresso insuficiente na redução da inflação.

© Reuters. Notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro
10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes

“O documento foi divulgado às 16h, demonstrando ainda uma preocupação do comitê de política monetária do Banco Central dos Estados Unidos com a inflação, que permanece elevada e distante da meta de 2%, embora, por outro lado, comece a apresentar sinais de arrefecimento”, pontuou Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, em análise enviada a clientes.

“O dólar recupera parte das perdas dos últimos dias... com cautela dos investidores diante de um cenário com maiores incertezas globais envolvendo a trajetória de juros e déficit fiscal nos Estados Unidos e o risco de recessão na Europa", acrescentou Costa.

Às 17:32 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,12%, a 103,570.

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