SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve alta sobre o real nesta terça-feira, em linha com exterior após dados da economia norte-americana aumentarem os receios de que novo aumento de juros pelo Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, se aproxima.
O mercado também mostrava otimismo com a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central. Mais uma vez, o BC permanece de fora da atuação do mercado cambial, a terceira sessão seguida.
Às 11:28, o dólar avançava 0,17 por cento, a 3,5101 reais na venda, mas chegou a cair 0,62 por cento na mínima do dia, a 3,4825 reais, no começo dos negócios.
"Foram dados bons dos EUA, aumentando receios com alta de juros", disse o superintende regional de câmbio da SLW, João Paulo de Gracia Correa.
Os preços ao consumidor nos EUA tiveram a maior alta em mais de três anos em abril, com o avanço dos custos da gasolina e dos aluguéis, indicando pressão inflacionária constante que pode dar ao Fed munição para elevar os juros ainda este ano. Além disso, a produção industrial expandiu em abril, com os fabricantes de maquinário e carros registrando aumentos sólidos na produção.
Juros mais elevados na maior economia do mundo poderia levar à saída de recursos de países considerados mais arriscados, como o Brasil.
Neste cenário, o dólar subia em relação a moedas de países emergentes como os pesos mexicano e chileno. Já em relação a uma cesta de moedas, o dólar operava em leve baixa.
Somava-se às pressões de alta da moeda norte-americana a notícia de que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento no plenário da Corte a ação que pede a abertura de processo de impeachment contra o presidente interino da República, Michel Temer.
No lado positivo, foi anunciado pela manhã, antes dos mercados financeiros abrirem, indicação de Ilan para presidir o BC, conforme esperado e festejado pelos investidores. Também foram anunciados outros nomes para a equipe do Ministério da Fazenda, com Marcelo Caetano na secretaria da Previdência da Fazenda, Mansueto Almeida na secretaria da Acompanhamento Econômico e Carlos Hamilton na secretaria de Política Econômica.
"Os nomes agradaram e o mercado reagiu bem", resumiu o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado, referindo-se à abertura em queda do dólar.
O BC não anunciou até o momento leilão de swap cambial reverso, equivalente a compra futura de dólares. Para muitos operadores, a autoridade monetária não tem interesse na cotação abaixo de 3,50 reais para não prejudicar as exportações brasileiras e, consequentemente, as contas externas.
(Por Flavia Bohone)