SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leve queda nesta sexta-feira, acompanhando o exterior após a divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos piores que o esperado, em sessão marcada por baixo volume de negócios e sem a atuação do Banco Central novamente.
Às 10:45, o dólar recuava 0,21 por cento, a 3,5322 reais na venda, após fechar praticamente estável na véspera. Na máxima deste pregão, a moeda chegou a 3,5747 reais.
"Tem um mau humor generalizado lá fora e isso está pesando por aqui também", disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
Nos EUA, a abertura de vagas em abril foi a menor em sete meses e muitos norte-americanos deixaram a força de trabalho, sinais de fraqueza que levantam dúvidas sobre se o Federal Reserve, banco central do país, vai elevar os juros antes do fim do ano.
Os mercados externos mostravam pessimismo diante dos sinais que alimentavam as preocupações com a saúde da economia global, com as bolsas caindo e o dólar caindo em relação a moedas de outros emergentes.
No cenário interno, o BC não anunciou até o momento leilão de swap reverso, equivalente a compra futura de dólares, para esta sessão pelo terceiro dia seguido.
Muitos operadores acreditam que a autoridade monetária não quer deixar o dólar ir abaixo de 3,50 reais, para não prejudicar as exportações e, assim, as contas externas do país.
O baixo volume de negócios também deixava o dólar mais suscetível a volatilidades.
"O mercado está fazendo movimento lateral, ficando nesse patamar entre 3,50 reais e 3,55 reais, esperando pela nova equipe econômica que deve vir em meados da próxima semana", disse o superintendente de câmbio da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva.
Nesta sexta-feira, a comissão especial do Senado vota a admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a previsão é que o relatório seja aceito, passando a para votação em plenário na próxima semana.
Caso seja aprovado pela Casa, o vice Michel Temer assume o comando do país interinamente e já deixou claro que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles será seu ministro da Fazenda, o que agrada o mercado financeiro.
Entre as notícias negativas para o país, a agência de classificação de riscos Fitch rebaixou o rating soberano do Brasil de "BB+" para "BB (SA:BBAS3)" na quinta-feira, colocando a nota do país ainda mais dentro do grau especulativo.
(Por Flavia Bohone)