Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar voltou a ensaiar queda frente ao real nesta quarta-feira após o discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen, vir em linha com as expectativas de operadores, que apostam que o banco central norte-americano deve elevar os juros neste mês, mas adotar postura gradual dali em diante.
Às 16:07, o dólar recuava 0,20 por cento, a 3,8473 reais na venda. A moeda norte-americana atingiu 3,8380 reais na mínima da sessão e 3,8765 reais na máxima.
"(O discurso) veio bem em linha com o esperado, praticamente não há surpresas", disse o presidente da empresa de investimentos Libertyview Capital Management, Rick Meckler. "O Fed deu aos investidores muito tempo e muitas direções sobre como pretende (elevar os juros). Se for uma surpresa para você, você não está acompanhando essa história".
Yellen afirmou que o "está esperando" pela alta de juros, que será vista como uma prova da recuperação após a economia atravessar por uma recessão. No texto preparado para seu discurso, ela não indicou se ainda espera que seja justificável que o Fed eleve os juros em sua reunião em duas semanas.
Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil, mas muitos operadores acreditam que o mercado já incorporou esse cenário e passaram a se concentrar no ritmo dos aumentos seguintes. Os juros futuros norte-americanos apontavam chances de mais de 75 por cento de o primeiro aumento vir neste mês.
No cenário local, investidores evitavam fazer grandes operações antes da votação no Congresso da mudança da meta de resultado primário de 2015. Também ficou para esta quarta-feira a conclusão da votação pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados do andamento do processo que pede a cassação do presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O mercado ainda repercutia positivamente a aprovação na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do destaque que incluiu nas receitas do Orçamento de 2016 a previsão de arrecadação vinda da CPMF, no valor de cerca de 10 bilhões de reais. O imposto é considerado crucial para o ajuste fiscal pelo governo e ainda precisa ser recriado por meio de aval do Congresso Nacional.
"O mercado opera hoje com um olho na agenda externa e outro no Congresso Nacional", resumiu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
Pela manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, vendendo a oferta total de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o correspondente a 1,096 bilhão de dólares, ou cerca de 10 por cento do lote total, equivalente a 10,694 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)