Abu Dhabi, 27 nov (EFE).- As autoridades de Dubai asseguram que
já tinham antecipado uma reação dos mercados após conhecer-se a
decisão de pedir uma moratória para a dívida do consórcio Dubai
World, mas continuam convencidas da solidez econômica desse emirado.
A Dubai World - um consórcio estatal do setor financeiro,
portuário e imobiliário - anunciou na quarta-feira sua decisão de
solicitar a seus credores uma moratória de seus compromissos de
dívida até o dia 30 de maio próximo.
Com esta decisão, o consórcio, um ícone das economias do Golfo
Pérsico, gerou uma tempestade nas bolsas de valores, que tiveram
fortes perdas na quinta-feira, diante do primeiro sinal de fraqueza
de uma das economias mais pujantes do mundo.
"O Governo está dirigindo esta reestruturação desta operação
comercial com total conhecimento de como poderiam reagir os
mercados", afirmou hoje o presidente do Comitê Supremo Fiscal de
Dubai, Ahmed bin Said al-Maktoum.
"Entendemos as preocupações do mercado e dos credores em
particular", acrescentou o alto funcionário, também responsável da
Aviação Civil, no primeiro comentário de um representante do Governo
após as perdas das bolsas de valores dos mercados.
O Dubai World, um dos três maiores conglomerados de Dubai, tem um
passivo consolidado de US$ 60 bilhões. No dia 14 de dezembro tinha
que pagar aos credores uma dívida em bônus no total de US$ 3,5
bilhões.
O consórcio, criado em março de 2006, inclui a empresa de
desenvolvimento imobiliário Nakheel, a companhia financeira
Istithmar e o DP World, o quarto maior operador de portos do mundo.
Estas duas últimas companhias ficaram fora desta moratória.
"Como a General Motors averiguou no ano passado e o Governo de
Dubai descobriu agora, o status de ícone não garante a segurança
financeira", escreve em sua coluna de hoje no jornal árabe "The
National" o comentarista Frank Kane.
Segundo Kane, o Dubai World enfrenta "decisões difíceis" e
possivelmente terá que ver a possibilidade de reduzir seu tamanho no
final do processo de reestruturação de sua dívida.
Maktoum, em seu comunicado, diz que a decisão de pedir um atraso
nos compromissos de dívida foi "cuidadosamente planejada e reflete
uma posição financeira específica".
Segundo o alto funcionário, só foi adotado esse passo "perante a
necessidade de tomar uma ação decisiva para enfrentar uma carga de
crédito particular".
Maktoum acrescenta que Dubai, da mesma forma que outras cidades
do mundo, não conseguiu ficar à margem dos "desafios sociais e
econômicos nesta derrocada global". "Nenhum mercado está imune a
influências econômicas", acrescentou.
Mas o responsável do Governo acredita que, apesar desse passo,
"os pilares econômicos, incluindo a infraestrutura altamente
desenvolvida, seu centro nervoso em transporte e comunicações, e seu
centro regional financeiro, garantem que Dubai se mantenha como um
mercado regional atrativo".
As autoridades árabes tentaram limitar os efeitos desta decisão.
Primeiro, foi anunciada na véspera de um longo período festivo
para os muçulmanos, por causa do final da peregrinação a Meca e a
chamada Festa do Sacrifício, que se celebra hoje e que começou a ser
celebrada desde ontem, quinta-feira, em toda a região.
Por essa razão, os mercados regionais estiveram fechados ontem e
hoje, e na quinta-feira Wall Street também permaneceu fechada, por
causa do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.
Além disso, as autoridades monetárias de Dubai anunciaram que
dois bancos dos Emirados Árabes Unidos, o National Bank e Al Hilal
Bank, tinham assinado na quarta-feira o total de uma emissão de
dívida pública no valor de US$ 5 bilhões em bônus a longo prazo.
"Os investidores demonstram sua confiança em Dubai", é a manchete
hoje do jornal em inglês "GulfNews" ao dar conta desta informação.
EFE