Em visita a Gana, Obama ressalta papel fundamental da África no mundo

Publicado 11.07.2009, 14:02
Atualizado 11.07.2009, 14:35

Mawusi Afele.

Acra, 11 jul (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje perante os parlamentares ganeses que "a África tem um papel fundamental em um mundo interligado", e destacou a relevância que os países em vias de desenvolvimento terão durante o século XXI.

"A atualidade deste século será formada não só pelo que acontece em Roma, Moscou ou Washington, mas pelo que acontece em Acra também", disse Obama, durante o discurso oficial de sua primeira visita a um país da África Subsaaariana.

Segundo o presidente americano, a crescente importância de países que até agora não tinham tido papel de destaque na comunidade internacional "é muito real".

"Sua prosperidade pode expandir a da América, sua saúde e segurança podem contribuir para a dos outros países, e a força de sua democracia pode ajudar no desenvolvimento dos direitos humanos para pessoas de todo o mundo", disse Obama.

Para o governante americano, a África é uma aliada essencial dos Estados Unidos "para poder conseguir o futuro que queremos para nossos filhos", mas afirmou que as duas partes devem ter a mesma responsabilidade.

"Devemos partir de uma premissa muito simples, que é que o porvir deste continente está nas mãos dos africanos", especificou Obama.

O líder americano elogiou o progresso de Gana, um país que, segundo ele, "mostra uma cara da África que muitas vezes é ignorada por um mundo que só vê as tragédias ou a necessidade de caridade".

"O povo de Gana trabalhou muito duro para estabilizar a democracia através de transições de um Governo a outro pacíficas, apesar de os resultados eleitorais terem sido muito acirrados", afirmou Obama, em referência às eleições presidenciais do país, em dezembro do ano passado, que deu a vitória ao atual líder ganense, John Evans Atta Mills.

O presidente americano falou também da economia da África e destacou que, embora os africanos tenham mostrado sua capacidade e compromisso para criar suas próprias oportunidades, as riquezas continuam concentradas nas mãos de poucos.

Obama, de ascendência queniana, surpreendeu o mundo ao anunciar que sua primeira visita oficial à África Subsaariana seria a Gana, e não ao Quênia, como se esperava, uma decisão que se baseou, segundo o Governo americano, em seu desejo de premiar o país por sua estabilidade democrática dos últimos anos.

"Tenho sangue africano em minhas veias, e a história da minha própria família reflete as tragédias e os triunfos do passado da África", afirmou Obama, que destacou, em seu discurso, que grande parte das promessas feitas pelos colonos depois da independência africana ainda não foi cumprida.

Obama contou aos parlamentares ganeses que, para seu avô, cozinheiro no Quênia durante a época imperialista britânica, "o colonialismo não era só a criação de fronteiras artificiais nem o comércio injusto, mas algo com o que tinha que viver dia após dia, e ano após ano".

O líder americano também quis destacar que "o Ocidente não é responsável pela destruição da economia do Zimbábue na década passada, nem das guerras nas quais crianças foram usadas como soldados".

Obama confirmou o compromisso de sua Administração em acabar com a pobreza na África, e disse que seu país apoiará o continente e será um aliado no âmbito diplomático, assistência técnica e apoio logístico.

"Levará tempo e esforço, e haverá sofrimento e contratempos, mas lhes prometo uma coisa: os Estados Unidos estarão com vocês", disse Obama, que também afirmou que seu país apoiará todos os esforços destinados a condenar criminosos de guerra. EFE

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