Mawusi Afele.
Acra, 11 jul (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, afirmou hoje perante os parlamentares ganeses que "a África
tem um papel fundamental em um mundo interligado", e destacou a
relevância que os países em vias de desenvolvimento terão durante o
século XXI.
"A atualidade deste século será formada não só pelo que acontece
em Roma, Moscou ou Washington, mas pelo que acontece em Acra
também", disse Obama, durante o discurso oficial de sua primeira
visita a um país da África Subsaaariana.
Segundo o presidente americano, a crescente importância de países
que até agora não tinham tido papel de destaque na comunidade
internacional "é muito real".
"Sua prosperidade pode expandir a da América, sua saúde e
segurança podem contribuir para a dos outros países, e a força de
sua democracia pode ajudar no desenvolvimento dos direitos humanos
para pessoas de todo o mundo", disse Obama.
Para o governante americano, a África é uma aliada essencial dos
Estados Unidos "para poder conseguir o futuro que queremos para
nossos filhos", mas afirmou que as duas partes devem ter a mesma
responsabilidade.
"Devemos partir de uma premissa muito simples, que é que o porvir
deste continente está nas mãos dos africanos", especificou Obama.
O líder americano elogiou o progresso de Gana, um país que,
segundo ele, "mostra uma cara da África que muitas vezes é ignorada
por um mundo que só vê as tragédias ou a necessidade de caridade".
"O povo de Gana trabalhou muito duro para estabilizar a
democracia através de transições de um Governo a outro pacíficas,
apesar de os resultados eleitorais terem sido muito acirrados",
afirmou Obama, em referência às eleições presidenciais do país, em
dezembro do ano passado, que deu a vitória ao atual líder ganense,
John Evans Atta Mills.
O presidente americano falou também da economia da África e
destacou que, embora os africanos tenham mostrado sua capacidade e
compromisso para criar suas próprias oportunidades, as riquezas
continuam concentradas nas mãos de poucos.
Obama, de ascendência queniana, surpreendeu o mundo ao anunciar
que sua primeira visita oficial à África Subsaariana seria a Gana, e
não ao Quênia, como se esperava, uma decisão que se baseou, segundo
o Governo americano, em seu desejo de premiar o país por sua
estabilidade democrática dos últimos anos.
"Tenho sangue africano em minhas veias, e a história da minha
própria família reflete as tragédias e os triunfos do passado da
África", afirmou Obama, que destacou, em seu discurso, que grande
parte das promessas feitas pelos colonos depois da independência
africana ainda não foi cumprida.
Obama contou aos parlamentares ganeses que, para seu avô,
cozinheiro no Quênia durante a época imperialista britânica, "o
colonialismo não era só a criação de fronteiras artificiais nem o
comércio injusto, mas algo com o que tinha que viver dia após dia, e
ano após ano".
O líder americano também quis destacar que "o Ocidente não é
responsável pela destruição da economia do Zimbábue na década
passada, nem das guerras nas quais crianças foram usadas como
soldados".
Obama confirmou o compromisso de sua Administração em acabar com
a pobreza na África, e disse que seu país apoiará o continente e
será um aliado no âmbito diplomático, assistência técnica e apoio
logístico.
"Levará tempo e esforço, e haverá sofrimento e contratempos, mas
lhes prometo uma coisa: os Estados Unidos estarão com vocês", disse
Obama, que também afirmou que seu país apoiará todos os esforços
destinados a condenar criminosos de guerra. EFE