Espião teria entregado ao Chile lista de compras militares do Peru

Lima, 14 nov (EFE).- O suboficial da Força Aérea Peruana (FAP) Víctor Ariza Mendoza, detido por supostamente espionar para o Chile, entregou a esse país segredos de Estado que envolvem as aquisições militares programadas pelo Peru até 2021, informou hoje a imprensa local.

Mendoza, de 45 anos, fez nos últimos anos "viagens triangulares", passando pela Argentina para chegar ao Chile, para entregar essas informações, segundo a edição de hoje do jornal "El Comercio".

Embora Ariza já tenha assumido sua culpa, os investigadores peruanos querem determinar a quantidade exata de informação que o suboficial supostamente vendeu ao Chile.

O plano da FAP para 2021 contém suas necessidades e projeções de pessoal, aeronaves, aspectos administrativos e instruções, segundo o "El Comercio".

O suboficial também teria entregado listas com as identidades dos alunos da Escola de Inteligência da FAP e alguns documentos ligados ao processo apresentado pelo Peru contra o Chile na Corte Internacional de Justiça de Haia em uma disputa por limites territoriais marítimos, mas esta informação não foi confirmada.

"Ariza fazia parte de uma rede de espionagem. Não seria um simples informante ou colaborador. Seria um agente de inteligência cooptado pelos serviços secretos chilenos e alistado no sistema de inteligência desse país", disse uma fonte ao "El Comercio".

Os investigadores peruanos também querem determinar se o suboficial entregou os códigos secretos de comunicação das embaixadas peruanas.

A imprensa local assegurou que o suboficial contou com o apoio de sua mulher, uma policial em atividade, que supostamente o ajudava a preparar as informações e recolhia os pagamentos que lhe entregavam.

Depois que o militar confessou sua culpa, o juiz Luis Garzón Castillo, de Lima, ordenou sua detenção.

O magistrado abriu hoje a instrução do processo contra o suboficial pelas acusações de revelação de segredos nacionais, espionagem e lavagem de ativos em prejuízo do Estado.

Além disso, ditou uma ordem de detenção contra outro suboficial da FAP, cujo nome não foi divulgado, por ser cúmplice de Ariza.

A resolução judicial também ordenou a captura dos supostos militares chilenos Daniel Marques Torrealba e Víctor Vergara Rojas, acusados de ser os incentivadores dos crimes.

Castillo destacou que, antes de solicitar a extradição dos dois chilenos, as identidades de ambos deverão ser confirmadas.

Os chefes de Inteligência e de Contrainteligência da FAP foram convocados a depor na segunda-feira, em sessão secreta, na Comissão de Inteligência do Congresso peruano.

O caso gerou protestos e polêmica no Peru, cujo Executivo decidiu chamar seu embaixador em Santiago para consultas.

Além disso, o presidente peruano, Alan García, decidiu que não se reunirá com sua colega chilena, Michelle Bachelet, durante a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês) em Cingapura e antecipará seu retorno a Lima.

Também foi cancelada a visita que a ministra da Produção peruana, Mercedes Aráoz, faria a Santiago na semana que vem. EFE