Nações Unidas, 24 jan (EFE).- Os Estados Unidos e os países da União Europeia (UE) com assento no Conselho de Segurança da ONU preparam, junto com representantes de países árabes, um novo projeto de resolução sobre a Síria baseado no plano da Liga Árabe para deter a violência nesse país e iniciar a transição.
"Estamos prontos para levar ao Conselho de Segurança uma mensagem contundente sobre a Síria", afirmou nesta terça-feira à Agência Efe uma fonte diplomática do Conselho, ressaltando que o texto estudado contém "a ameaça de sanções" para o regime do presidente Bashar al Assad.
Representantes de EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Portugal mantiveram vários encontros com "uma grande maioria de países árabes" para redigir um futuro projeto de resolução e apresentá-lo em breve ao Conselho de Segurança.
"Trata-se de transferir à ONU as conclusões da Liga Árabe e assegurar-nos que obtemos o consenso necessário no Conselho de Segurança", detalhou à Efe um diplomata europeu na ONU, que destacou "a importância" de o novo texto contar "com o respaldo ativo de atores árabes".
Dessa maneira, a minuta conteria o plano árabe proposto no domingo passado no Cairo para pôr fim à crise na Síria, um Mapa do Caminho que estipula a saída do poder de Assad e que transfira seus poderes ao vice-presidente para a formação de um Governo de união nacional para convocar eleições livres.
O texto incluirá simplesmente "a ameaça de sanções" para o regime sírio "se em um prazo de tempo concreto não cumprir as propostas lançadas", segundo a mesma fonte, que evitou oferecer detalhes de quando este novo projeto de resolução poderia ser apresentado aos 15 membros do Conselho de Segurança.
Os países europeus, apoiados pelos EUA, tentaram sem sucesso em várias ocasiões aprovar uma resolução no principal órgão de decisão da ONU contra a Síria, mas sempre encontraram a oposição de Rússia e China, que inclusive exerceram seu poder de veto em uma votação a esse respeito em outubro do ano passado.
"Precisamos ser cautelosos, mas esperamos que desta vez haja uma nova dinâmica no Conselho de Segurança", disse o mesmo diplomata europeu em clara referência à Rússia, que foi até o momento o país que mais se opôs a qualquer tipo condenação ao regime de Assad.
Outras fontes diplomáticas destacaram que o novo texto de europeus, americanos e árabes é fruto da frustração causada pelos projetos de resolução apresentados nos últimos meses pela Rússia sobre a situação na Síria, aos quais definiram como "cortinas de fumaça, manobras para ganhar tempo", e que eram insuficientes para numerosas delegações diplomáticas.
Os esforços dentro do Conselho de Segurança também se concentram estes dias em conseguir que o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, compareça perante o Conselho para informar as conclusões as quais chegaram os observadores árabes na Síria.
O Conselho de Segurança da ONU realizou hoje um debate aberto sobre o Oriente Médio, centrado na Palestina, mas no qual tratou também da situação na Síria e no qual vários representantes diplomáticos pediram apoio aos esforços da Liga Árabe para impulsionar a transição na Síria.
"O Conselho deveria apoiar completamente os esforços da Liga Árabe para botar um ponto final no derramamento de sangue e uma transição pacífica à democracia na Síria", disse a embaixadora americana na ONU, Susan Rice.
Por outra parte, o porta-voz do organismo internacional, Martin Nesirky, confirmou que o secretário-geral, Ban Ki-moon, recebeu um pedido de Al Arabi para a realização de uma reunião entre ambos. EFE