Washington, 5 dez (EFE).- O Governo dos Estados Unidos não conseguiu convencer seus aliados no Oriente Médio e no Golfo a desbaratarem o financiamento da Al Qaeda e outros grupos terroristas, segundo mensagens vazadas pelo WikiLeaks e divulgadas neste domingo pelo jornal "The New York Times".
"Nove anos após os Estados Unidos terem jurado que interromperiam os fluxos de dinheiro que financiam o terrorismo, os funcionários do Governo (do presidente Barack) Obama dizem que acham que muitos milhões de dólares continuam chegando, sem impedimentos, a grupos extremistas no mundo todo", destacou a reportagem.
O novo conjunto de mensagens entre o Departamento de Estado e funcionários americanos em diversas partes do mundo mostra que a secretária de Estado, Hillary Clinton, e outros diplomatas de alta hierarquia mencionavam uma longa lista de métodos pelos quais transcorria o financiamento dos terroristas.
Estes métodos incluem desde o roubo de um banco no Iêmen no ano passado até sequestros para obter resgate, os lucros do tráfico de drogas no Afeganistão e as peregrinações anuais a Meca, onde são arrecadados milhões de riyals (da Arábia Saudita) e outras moedas.
Em declarações públicas, os funcionários do Governo americano falam com certo otimismo dos avanços na repressão destas transações, mas as mensagens internas do Departamento de Estado mostram avaliações diferentes do fluxo de dinheiro para grupos vinculados à Al Qaeda, aos talibãs, ao Hamas, ao Lashkar-e-Taiba entre outros.
Em mensagem enviada em dezembro do ano passado, Hillary assinalou que "foi um problema permanente persuadir os funcionários sauditas para que encarassem o financiamento dos terroristas com origem na Arábia Saudita como uma prioridade estratégica".
"Os doadores na Arábia Saudita constituem a fonte mais significativa de financiamento dos grupos terroristas sunitas no mundo todo", afirmou a secretária de Estado.
As avaliações de países do Golfo que, oficialmente, são aliados dos EUA, nessa mensagem de Hillary e em outras divulgados pelo WikiLeaks, são sombrias.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) são "uma brecha estratégica" que os terroristas aproveitam. Na luta contra os terroristas, o Catar é "o pior da região", e o Kuwait é "um ponto importante de passagem" para os terroristas, segundo as avaliações americanas.
Por sua vez, os aliados de Washington se queixaram porque, em seus esforços para desmantelar o financiamento das atividades terroristas, os Estados Unidos endureceram a fiscalização contra a lavagem de dinheiro.
Os documentos vazados pelo WikiLeaks incluem os relatórios de inteligência dos EUA sobre possíveis conspirações de financiamento para os terroristas, como o caso de um somali que percorreu Suécia, Finlândia e Noruega, supostamente na busca de dinheiro e recrutas para o grupo Al Shabab.
Uma outra mensagem menciona um paquistanês que foi preso depois de terem encontrado US$ 240 mil em riyals escondidos sob o assento de seu carro.
Há ainda um documento que descreve um plano, possivelmente idealizado por iranianos, para transferir clandestinamente entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões em dinheiro por meio de bancos dos EAU para "promover a agitação" no Golfo, embora não fique claro quanto desse dinheiro ia ser enviado a grupos extremistas. EFE