Bruxelas, 30 dez (EFE).- O euro, a conquista mais tangível do projeto comunitário, celebra em 1º de janeiro dez anos que começou a circular, coincidindo com o momento mais delicado de sua existência pelas dúvidas sobre seu futuro agravadas nos últimos meses.
Em janeiro de 1999, quando o euro foi lançado como moeda virtual, o primeiro presidente do Banco Central Europeu (BCE), Wim Duisenberg, advertiu que a estabilidade da moeda dependeria da confiança que os cidadãos dessem a ela.
O otimismo pela adoção do euro durou aproximadamente os anos de bonança: houve uma primeira etapa de estabilidade que se prolongou até 2008 e outro posterior, que evidenciou as deficiências do sistema.
A falta de confiança na eurozona e no próprio euro foi o que, uma década depois da introdução física da moeda, pôs em dúvida sua viabilidade e ameaçou sua sobrevivência.
No último ano, a situação econômica na Grécia e do risco de contágio a países como a Itália, Portugal e Espanha, revelou que quando a União Europeia desenhou a moeda única não foram levados em conta os desequilíbrios entre as economias nem criados os instrumentos necessários para atuar em tempos de crise.
A situação escurece o aniversário que a Comissão Europeia assinalou dias atrás que não deve ser comemorada de maneira especial.
"Isso não quer dizer que não tenhamos orgulho de nossa moeda única. Acreditamos que continua sendo uma das maiores conquistas da história europeia", disse o porta-voz comunitário Olivier Bailly.
Os países da moeda única, por outro lado, acordaram com o Banco Central Europeu e com Bruxelas cunhar uma moeda comemorativa de dois euros. Nos próximos dias, 90 milhões de exemplares serão distribuídas.
A UE elaborou um vídeo oficial comemorativo do euro no qual o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirma que apesar das dificuldades que atravessa a Europa, os cidadãos podem estar certos que o BCE se manterá fiel a sua missão de garantir a estabilidade dos preços.
Os inúmeros comentários jocosos e em tom cético acrescentados ao vídeo no portal do "YouTube" revelam o sentimento de muitos cidadãos europeus, preocupados pelo futuro de sua moeda.
As dúvidas são alimentadas pelos augúrios sombrios de analistas, agências de medição de risco e personalidades europeias, como o primeiro presidente da Comissão, Jacques Delors, quem chegou a afirmar que a eurozona e sua moeda estão "à beira do precipício".
Os países da zona do euro e o Executivo comunitário seguem insistindo, no entanto, em que a moeda única é estável e que a crise não é uma crise do euro. EFE