Bruxelas, 8 fev (EFE).- Os ministros das Finanças da zona do euro, que conformam o chamado Eurogrupo, se reunirão nesta quinta-feira para falar sobre o segundo pacote de resgate financeiro à Grécia, ainda em debate entre os membros do governo de Atenas, informou nesta quarta-feira o presidente do grupo, Jean-Claude Juncker.
O encontro do Eurogrupo, que será realizado a partir das 18h locais (15h de Brasília) em Bruxelas, leva a crer num acordo entre o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e os líderes dos partidos de coalizão nesta quarta-feira para que se comprometam a respaldar e aplicar as medidas de ajuste e reformas estruturais estipuladas com a "troika" em troca do segundo resgate.
Juncker anunciou o encontro ministerial enquanto Papademos e os líderes dos partidos da aliança governista na Grécia - social-democratas, conservadores e extrema-direita - continuavam reunidos.
Fontes europeias insistiram nos últimos dias que só se convocaria uma reunião do Eurogrupo se todos os elementos do segundo pacote de resgate estivessem acertados ou praticamente concluídos.
O segundo resgate prevê uma ajuda financeira de 130 bilhões de euros e um perdão de pelo menos metade da dívida grega atualmente em títulos controlados por bancos, seguradoras e fundos. O objetivo é que o país possa reduzir sua dívida de 160% para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020.
Em princípio, se estabelecia um perdão nominal de 50% para o setor privado, mas os bancos já admitem que terão de assumir perdas líquidas de 70% sobre seus bônus para garantir a sustentabilidade da dívida grega.
A Grécia necessita o mais rápido possível do aval de seus parceiros para receber as primeiras injeções da ajuda de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacional (FMI), já que no próximo dia 20 de março terá de enfrentar um pagamento de 14,5 bilhões de euros em vencimentos de dívida e, se não conseguir ajuda internacional até então, terá de ser declarada moratória.
O outro elemento são os cortes que Atenas terá de aplicar em troca do segundo resgate.
O grupo de entidades credoras conhecido como "troika" (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) exige ao governo grego o corte de 1,5% do PIB nacional em gastos públicos durante 2012, algo equivalente a 3,3 bilhões de euros, e a redução dos salários mais altos nas empresas públicas e sua imediata privatização.
O governo grego já conseguiu reduzir 15 mil postos de trabalho no setor público, dentro de um corte de 150 mil empregos públicos até 2015.
O aspecto mais polêmico é, no entanto, a reforma trabalhista, que inclui um rebaixamento de 20% a 25% do salário mínimo de 751 euros, o corte de 20% das aposentadorias acima de 1 mil euros e uma diminuição substancial dos complementos salariais que superem os 150 euros.
Segundo pesquisas de opinião, essas medidas são rejeitadas pela maioria da sociedade grega. EFE