Bruxelas, 28 nov (EFE).- A Eurozona empenhou-se ao máximo neste domingo para transmitir uma mensagem otimista aos mercados em relação à solvência da região, ao anunciar uma ajuda à Irlanda no valor de 85 bilhões de euros e esclarecer a contribuição dos investidores privados nas futuras crises de dívida soberana a partir de 2014.
Reunidos em um encontro extraordinário realizado neste domingo, os ministros das Finanças europeus tentaram através de dois acordos frear a escalada das dívidas de Irlanda, Portugal e Espanha, que alcançaram valores históricos recentemente.
A ministra da Economia espanhola, Elena Salgado, mostrou-se otimista em relação à ajuda que dos investidores aos dois acordos, e em seu reflexo sobre a dívida espanhola.
"Para nós, é muito importante que a participação do setor privado tenha ficado clara", destacou a ministra.
"Um número de observadores e comentaristas diziam que era muito necessário um completo esclarecimento da doutrina que será aplicada na Europa", disse, por sua vez, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, quem concordou com Elena de que os esclarecimentos deste domingo foram "muito úteis".
Segundo a ministra, os investidores só terão que assumir uma reestruturação da dívida "em último caso".
Ela acrescentou que a proposta aprovada satisfaz à Espanha, ao ser "muito mais clara", "limitada" e "prudente do que o que vinha sendo dito nos últimos dias".
Ainda com o objetivo de acalmar os mercados, os titulares das Finanças europeus anunciaram a aprovação do resgate da Irlanda.
Os ministros chegaram a um acordo sobre o valor da assistência financeira ao país, que será de 85 bilhões de euros, dos quais a Irlanda facilitará 17,5 bilhões, fazendo com que o empréstimo real seja de 67,5 bilhões de euros.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) fornecerá 22,5 bilhões de euros e o restante será proveniente da União Europeia (UE).
Cerca de 35 bilhões do total serão destinados ao setor bancário irlandês, através de injeções de liquidez no valor de 10 bilhões, junto a um fundo de contingência no valor de 25 bilhões para necessidades adicionais.
A UE também decidiu ampliar em um ano, para 2015, a data limite para que Irlanda reduza seu déficit, que este ano superará os 32% do Produto Interno Bruto (PIB), para os 3% que determina o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
O programa de assistência financeira à Irlanda se baseará em três pilares fundamentais: a reestruturação imediata do setor financeiro, um programa de saneamento fiscal ambicioso e uma agenda de reformas, especialmente do mercado de trabalho, destinada a impulsionar o crescimento do país.
O Governo irlandês mostrou-se satisfeito com os termos do acordo, ao considerá-lo o "melhor tratamento possível para a Irlanda". EFE