Bruxelas, 10 set (EFE).- O ex-bispo da diocese de Bruges, Roger
Vangheluwe, destituído pelo papa em abril após reconhecer que tinha
abusado sexualmente de seu sobrinho, menor de idade, receberá uma
pensão líquida de 2.800 euros por mês, informa a imprensa belga..
"Roger Vangheluwe tem uma longa carreira e, portanto, tem direito
a uma pensão completa", declarou o porta-voz do Ministério da
Justiça belga aos jornais "Het Gazet van Antwerpen" e "Het Belang
van Limburg".
A pensão que será recebida por Vangheluwe equivale a 75% do
salário que recebia quando ainda estava no cargo (3.733 euros
líquidos).
Vangheluwe se encontra na abadia de Vleteren (oeste da Bélgica)
esperando que Bento XVI decida sobre seu futuro.
Os abusos cometidos pelo ex-bispo prescreveram, e por isso tudo
indica que a Igreja Católica não abrirá processo canônico.
No entanto, o papa tem poder para impor uma sanção sem infringir
o procedimento judicial próprio de qualquer estado de direito,
segundo esclareceu este mês o especialista canônico Rik Torfs.
Bento XVI já utilizou seu poder para tirar um sacerdote da vida
religiosa, mas por enquanto nunca tomou uma medida tão severa com um
bispo, lembra Torfs.
Segundo o prelado responsável por questões relacionadas a abusos
sexuais no seio eclesiástico na Bélgica, Guy Harpigny, Vangheluwe
deve ser submetido a um processo canônico.
"É necessária uma sanção, mas é necessário também garantir os
direitos da defesa", disse ao jornal ao diário "Le Soir".
O caso de Vangheluwe causou escândalo na Bélgica, e motivou
dezenas de denúncias de abusos no seio da Igreja no país.
Fontes ligadas à vítima indicaram à imprensa recentemente que
Vangheluwe pagou à família para que não o denunciasse até que os
fatos tivessem prescrito, o que ocorreu há dois anos. EFE