Jerusalém, 10 jan (EFE).- O Exército israelense acredita que o presidente sírio, Bashar al Assad, cairá em breve e prepara-se para uma possível chegada de sírios em busca de refúgio, declarou nesta terça-feira o chefe do Estado-Maior, Benny Gantz.
Em um discurso perante o Comitê de Defesa e Relações Exteriores na Knesset (Parlamento), o militar declarou que Assad "não é como Kadafi, do tipo dos que lutam até a última bala", e previu que o autoritário regime sírio desaparecerá nos próximos meses, informou o jornal "Haaretz" em sua versão digital.
"Assad não pode continuar se agarrando ao poder e sua queda provocará fendas no eixo radical", disse Gantz, em referência à aliança Irã-Síria-Hamas, mas também advertiu do risco de que a tensão no país vizinho gere enfrentamentos nas Colinas de Golã, território ocupado por Israel à Síria desde 1967.
"Assad e o regime sírio podem ter dificuldades para atuar contra nós no curto prazo, mas também temos que levar em conta que a Síria tem sistemas armamentistas e armas russas avançadas, como os mísseis Yakhont", afirmou.
O chefe do Estado-Maior acredita que a queda de Assad poderia provocar uma fuga dos alauitas (pertencentes a uma vertente do xiismo minoritária na Síria, à qual pertence a elite dirigente e o próprio presidente).
"O dia em que cair o regime sírio, será um golpe aos alauitas e nós estamos nos preparando para absorver esses refugiados", afirmou.
Em Damasco, Assad disse que não vai renunciar a seu cargo e advertiu que baterá com punho de ferro nos "terroristas", que acusa como responsáveis pelas revoltas e manifestações civis que acontecem desde março.
"Não haverá flexibilidade com quem aterroriza os cidadãos, a luta contra o terrorismo é a luta de todos. Não vão conseguir destruir nossa identidade nem desestabilizar nosso convencimento de que a resistência está no coração de nossa identidade", declarou em conferência na Universidade de Damasco.
O presidente também anunciou para a primeira semana de março a realização de um referendo sobre a nova constituição, preparado por um comitê de especialistas, e antecipou a possibilidade de realizar eleições legislativas em maio ou junho. EFE