Montevidéu, 24 out (EFE).- O ex-guerrilheiro tupamaro José
Mujica, candidato da governante Frente Ampla à Presidência do
Uruguai nas eleições de amanhã, reconheceu hoje que a esquerda
latino-americana tem uma dívida com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Mujica e seu candidato a vice, Danilo Astori, concederam neste
sábado, véspera das eleições e de dois plebiscitos no Uruguai, uma
coletiva imprensa para jornalistas estrangeiros.
Os integrantes da chapa governista se centraram em questões de
política externa, embora também tenham falado do plebiscito que
amanhã pode decidir pela anulação da Lei de Caducidade para os
crimes cometidos pela ditadura uruguaia (1973-1985).
Mujica parte como favorito para vencer as eleições, embora o
grande apoio com que conta seu principal rival, o ex-presidente Luis
Alberto Lacalle, pode forçar um segundo turno.
"Lula encarou o principal desafio que tinha a esquerda na América
Latina e o salvou amplamente", disse Astori, em referência ao
"equilíbrio" empregado pelo presidente brasileiro na hora de
combinar os parâmetros macroeconômicos com "decisões políticas que
aprofundassem a justiça social".
Embora tenha ressaltado que o modelo de equilíbrio seguido por
Lula "não é transportável" ao Uruguai, destacou "o papel pioneiro"
do Governo brasileiro.
"Um Governo de esquerda tem que fazer justiça, mas não pode
fazê-la com desordem, com instabilidade e com desconfiança",
afirmou.
Mujica destacou do Governo Lula o estilo, a maneira de governar,
a metodologia e a forma de conduzir conflitos através da negociação.
"Parece importante na América Latina essa metodologia", disse o
ex-guerrilheiro tupamaro, antes de concluir, brincando, que "Deus
não é uruguaio, aparentemente é brasileiro". EFE