FIFPro considera realizar protestos durante a Eurocopa

Publicado 07.02.2012, 15:20
Atualizado 07.02.2012, 15:42

Bruxelas, 7 fev (EFE).- A Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (FIFPro) anunciou nesta terça-feira que considera tomar "medidas de pressão" durante a próxima Eurocopa para protestar contra a "grave situação" dos atletas na Polônia, Ucrânia, Rússia e outros países do Leste Europeu.

Se a Fifa e a Uefa não atuarem contra problemas como o arranjo de partidas, a falta de pagamento de salários ou a violência contra os jogadores, a FIFPro "poderia recorrer a medidas de pressão como atrasar o início dos jogos da Eurocopa", afirmou hoje o secretário-geral da federação, Theo van Seggelen.

O responsável da FIFPro se pronunciou assim ao apresentar em Bruxelas um relatório sobre os problemas dos jogadores profissionais do Leste Europeu, que revela que 41% dos atletas consultados não recebem seu salário em dia, e que um de cada nove foi vítima de algum tipo de violência.

O relatório, baseado em enquetes a 3.200 jogadores de 12 países balcânicos e do Leste Europeu - 70% de todos os jogadores profissionais dessas nações -, também revela que 12% deles foram contatados para arranjar resultados de partidas, enquanto 33% afirmam que sabem deste tipo de práticas em seu entorno.

Os arranjos são especialmente frequentes na Rússia, onde 10% dos jogadores declararam terem sido contatados para pactuar resultados e 45% dizem haver tido conhecimento de algum caso deste tipo, e na Grécia, onde as porcentagens ascendem a 30% e a 50%, respectivamente.

Na República Tcheca e no Cazaquistão, cerca da metade dos consultados afirmam ter conhecido algum resultado arranjado em seu campeonato, enquanto na Bulgária e na Sérvia o número se situa em torno de 20%, e na Ucrânia e Polônia, perto de 10%.

A Grécia é o país onde são mais frequentes as agressões a jogadores por parte de torcedores ou funcionários de clubes (32%) e casos de assédio (25%), e também obtém alguns dos piores números sobre atraso no pagamento de salários (66%), e sobre a obrigação dos jogadores de treinar sozinhos (um de cada três).

Em relação ao racismo e outros tipos de discriminação, são mais frequentes na República Tcheca (36%), Grécia e Polônia (ambos em torno de 10%).

Estes números refletem "uma situação muito grave", segundo Van Seggelen, que citou algumas causas como a falta de organismos de controle, a má gestão dos clubes e a intromissão nos mesmos de grupos do crime organizado.

O secretário-geral da FIFPro também apelou à responsabilidade da Uefa e da Fifa, organismos "que não estão fazendo o suficiente para resolver estes problemas".

Ao ser perguntado sobre as medidas consideradas pela FIFPro para fazer pressão, Van Seggelen não descartou a convocação de uma greve de jogadores em nível internacional, mas admitiu que seria uma medida "muito difícil" de ser organizada.

"Se não se nos levarem em conta, poderíamos mobilizar-nos para atrasar em vários minutos o início das partidas da próxima Eurocopa", afirmou o responsável da FIFPro.

O sindicato de jogadores também destacou que a situação dos jogadores profissionais "não melhorou nada" na Polônia e Ucrânia apesar da designação de ambos países para organizar a Eurocopa neste ano, nem na Rússia, que receberá a Copa do Mundo de 2018. EFE

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