São Paulo, 15 dez (EFE).- O primeiro-ministro da França, François Fillon, afirmou nesta quinta-feira no Brasil que seu país não vai deixar que a zona do euro se "desfaça".
"Nunca deixaremos que a zona do euro se dissolva. Isso está fora de cogitação, mais do que uma crise da dívida soberana dos estados, é uma crise política, de governabilidade", detalhou Fillon em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), primeira parada de sua visita ao Brasil.
Fillon exigiu "maior governança e disciplina orçamentária" para "resolver a crise de confiança" da zona do euro, uma questão que considera "extremamente séria".
"Devemos restaurar a credibilidade da zona do euro", ressaltou o primeiro-ministro.
Como exemplo, citou que "graças ao euro as empresas brasileiras investem em mais países sem maiores riscos ao câmbio".
O chefe do Executivo francês disse que o Reino Unido, os Estados Unidos e o Japão passaram por "situações parecidas", mas confiou no acordo que seu país e Alemanha "conseguiram promover", iniciativa que deixou de lado "a rivalidade e a concorrência" que ambos os países mantiveram por séculos e provocaram "catástrofes".
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, lideraram a campanha para proteger o euro e retirar a Europa da crise.
Para o primeiro ministro, o principal desafio é "a articulação dos países da zona do euro. Ao falar das relações com o Brasil, Fillon destacou as oportunidades de cooperação entre os países em setores como aeronáutica, espacial, marítimo, ferroviário e de logística esportiva.
O apoio à realização de grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo do Brasil de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, e a construção de um trem de alta velocidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo são algumas das propostas que trazem na bagagem os ministros e empresários franceses na comitiva de Fillon.
"Brasil e França têm a mesma visão de um mundo multipolar e não dominado por uma ou duas potências, por isso precisamos da liderança do Brasil e apoiamos o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU para o Brasil, Alemanha, Japão, Índia e um representante africano", apontou.
A ampliação do número de membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU é uma velha demanda do Governo brasileiro que aspira uma dessas novas vagas.
Fillon vai se reunir nesta quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff. Na pauta deve entrar a negociação sobre a venda de 36 aviões de combate "Rafale" ao Brasil.
Fabricados pelo grupo francês Dassault, os Rafale concorrem na licitação brasileira com os FA-18 Super Hornet, da americana Boeing, e com os Gripen NG, do sueco Saab. EFE