SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Michel Temer reconheceu nesta quinta-feira, durante evento em São Paulo, que "embates" entre setores governamentais e a opinião pública em relação a algumas medidas polêmicas criaram instabilidade e abalaram a confiança no país no mês passado.
Ao falar em seminário patrocinado pelo JPMorgan Chase&Co, Temer citou especificamente a tentativa da Câmara dos Deputados de aprovar a anistia para o caixa dois e outros delitos correlatos, e o dispositivo responsabilizando membros do Ministério Público e do Judiciário por crime de abuso de autoridade.
"Esses fatos todos e outros que estão ocorrendo criaram uma certa instabilidade e toda vez que há instabilidade o investidor, é claro, com muita razão, põe o pé atrás, fica esperando para verificar quais são os acontecimentos", disse Temer, acrescentando que tanto o Congresso como o Executivo tem que levar em conta a opinião pública.
Apesar dessas questões, Temer ressaltou o apoio "estupendo" do Congresso para as medidas econômicas propostas pelo Executivo, como a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos em dois turnos na Câmara e em primeiro turno no Senado.
"É preciso que caminhemos mais. E o caminhar mais significa o que faremos na próxima semana, quando remeteremos ao Congresso Nacional uma PEC que visa a readequar a Previdência Social no nosso país."
Temer disse que a prioridade do governo é tirar o país da recessão. "Precisamos colocar a casa em ordem, mas precisamos atender alguns pressupostos, e o primeiro deles é tirar o país da recessão", disse.
A recessão brasileira aprofundou-se no terceiro trimestre deste ano, com destaque para a forte queda dos investimentos e consumo, quadro que dificulta ainda mais a recuperação da atividade esperada para 2017.
(Reportagem de Laís Martins) 2016-12-01T231255Z_1_LYNXMPECB03AH_RTROPTP_1_POLITICA-TEMER-CONFIAN-A.JPG